O Caraíbas sobe-se à onda das criptomoedas

19 de Abril de 2018 11:24am
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O Caraíbas sobe-se à onda das criptomoedas

Numa tentativa por fortalecer-se como grupo para fazer frente às atuais dificuldades financeiras e monetárias, as nações caribenhas estão se inclinando em direção para os pagamentos criptográficos no sector turístico, considerado sua maior fortaleza em matéria econômicas.

A recente assinatura de um memorando de entendimento entre a Organização de Turismo do Caraíbas (CTO, por suas siglas em inglês) e Bitt Inc., uma companhia de soluções de pagamento baseadas em blockchain, facilita a implementação de processos de pagamento adicionais na esfera dos serviços turísticos.

Hugh Riley, secretário geral da CTO, ponderou as possibilidades que oferece dentro da chamada indústria sem lareiras esse médio digital de intercâmbio, cujo objetivo é fomentar uma maior participação financeira através do uso de criptomoedas, conhecidas também como criptodivisas e criptoativos.

O turismo é o primeiro contribuinte ao sistema económico do Caraíbas (…) vemos isto como uma associação muito natural e essencial, disse o diretor executivo de Bitt Inc., Rawdon Adams, depois da rubrica do citado memorando em Bridgetown, Barbados, o passado 5 de abril.

De acordo com expertos, as criptodivisas brindam às nações caribenhas a oportunidade de aumentar a disponibilidade de serviços fiscais numa área geográfica onde uma grande porção da população carece de acesso primário ao sector bancário.

O Banco Central do Caraíbas Oriental (ECCB, por suas siglas em inglês) anunciou em março último que desenvolverá um programa piloto baseado na tecnologia blockchain, com o propósito de melhorar seu manejo de data e a monitorização de transações.

A iniciativa está incluída no Plano Estratégico do Banco no período de 2017 a 2021 e procura determinar a adequação da tecnologia blockchain para ajudar a impulsionar o crescimento económico e a competitividade na região, de acordo com os objetivos de estabilidade monetária e financeira da entidade.

De acordo com um comunicado oficial, o programa piloto se concentrará no desenvolvimento de uma plataforma digital de pagamentos de acordo com as regulações locais e globais, ajudará na luta contra a lavagem de dinheiro e o financiamento ao terrorismo.

Um Memorando de entendimento subscrito o 9 de março passado ressalta que o ECCB e Bitt Inc. impulsionarão o programa, que permitirá a emissão de uma criptomoeda própria, a qual circulará dentro da jurisdição do banco, igual que o dinheiro em numerário já existente.

Timothy N.J. Antoine, governador do ECCB, referiu-se aos benefícios que a tecnologia blockchain traria tanto ao banco como à região baixo sua jurisdição, com o qual coincidem experientes, que o consideram positivo para a União Monetária do Caraíbas Oriental (ECCU por suas siglas em inglês), pois melhorará seu perfil de risco.

A ECCU está integrada pelas entidades políticas às que serve o ECCB: Anguila, Antígua e Barbuda, Comunidade de Dominica, Granada, Montserrat, Saint Kitts e Nevis, Santa Luzia e San Vicente e as Granadinas.

Criptomoedas= dinheiro virtual

As criptomoedas são moedas virtuais que podem ser trocadas e operadas como qualquer outra divisa tradicional, mas estão fora do controle dos governos e instituições financeiras.

Desconhece-se a identidade do criador ou os criadores das criptodivisas, ainda que aparece baixo o pseudônimo de Satoshi Nakamoto, que se crê seja um grupo de técnicos informáticos do sector financeiro europeu.

O bitcoin foi a primeira criptomoeda que começou a operar, em 2009, e desde então surgiram outras, com suas próprias características e aplicativos, como ether, litecoin, ripple, petro, monero e dash, até chegar a uma trintena que em seu conjunto superam hoje os bilhões de dólares.

Podem ser consideradas uma alternativa às divisas tradicionais, ainda que em realidade foram concebidas como uma solução de pagamento completamente convencional.

O valor das criptomoedas não está vinculado exclusivamente ao comportamento de uma economia concreta e depende do compromisso dos usuários por manter seu preço ao convertê-las a divisas tradicionais.

Contrário ao que se crê, nos sistemas de criptomoedas a segurança é garantida, assim como a integridade e o equilíbrio da sua contabilidade. Segundo experientes, romper a segurança existente numa criptomoeda é matematicamente possível, mas o custo para obtê-lo é excessivamente alto.

As criptomoedas fazem possível a chamado internet do valor, já sejam contratos, propriedade intelectual, ações ou qualquer propriedade.

A diferença de qualquer outro sistema de pagamento, como o Paypal -que estabelece pagamentos através de redes privadas como as dos cartões de crédito e bancos- o pagamento usando criptomoedas não tem intermediários; ou seja, vai direto do comprador ao vendedor, sem intermediações.

A favor e contra

O auge do sistema foi posto de manifesto no contexto da feira Fitur 2018, celebrada em Madri (Espanha) em janeiro passado, ocasião em que foi apresentada o TurisCoin como a nova criptomoeda sócia ao mundo do turismo, com a qual opera já a plataforma 13tickets.com em suas atividades de lazer e restauração.

Não poucos analistas consideram que a criptomoeda representa as transações comerciais do futuro, e advogam a favor, enquanto outros mais conservadores advertem que não passa de ser uma fraude a escala planetária.

O verdadeiro é que o bitcoin, a mais exitosa das criptomoedas, tem conseguido uma capitalização de mercado de uns 220.000 milhões de dólares.

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