A brutal investida do coronavirus ao turismo mundial

06 de Abril de 2020 3:38pm
Redação Caribbean News Digital Portugues
TurismoCovid19

Por: Jorge Coromina

O alcance e a envergadura da atual pandemia do novo coronavirus podem ter gerado valorações iniciais que eram mais optimistas do que são hoje, quando têm decorrido quatro semanas desde que disparasse-se o alarme pela Covid-19 e o que há alguns dias parecia algo mais controlado ou controlável, atualmente impõe a todos a necessidade de se replanejar a fisionomia do futuro.

E especialmente em matéria de viagens e turismo, não são poucos os estudos que já têm começado a se divulgar nos que experientes em vários campos da comunicação, a sociologia, o comércio, a economia e a “indústria sem lareiras” descrevem o que devemos esperar no futuro, um futuro que dá por facto que este será um ano perdido e que a partir de 2021 a vida mudará, e provavelmente muito.

O panorama atual do consumo, em momentos em que a crise está em plena ebullición e o bico na curva da maior quantidade de casos de coronavirus não se vislumbra até a primeira semana de maio, já há setores que estão malheridos, como a perfumería, os artigos de beleza, a roupa e o calçado de luxo, e o material de escritório, consequência lógica das quarentenas, os isolamentos sociais e o teletrabalho.

Que setores se viram beneficiados até agora?

A comida embalada e congelada, os produtos de limpeza, os medicamentos e suplementos vitamínicos, e os videojogos. O comércio eletrônico e os novos canais de distribuição

Se algo sairá fortalecido em níveis sem precedentes desta crise gerada pela Covid-19 é, sem dúvidas, o canal on-line. Além dos lugares estabelecidos que hoje fazem vendas por Internet, como Amazon, eBay e Alibaba, aparecerão e consolidar-se-ão muitos mais, toda a vez que o incremento da demanda será #cada vez maior.

Mas na mesma medida em que irão surgindo novos canais dirigidos aos consumidores em linha, os “estabelecidos”, mais outros que dantes do início desta crise já vinham despuntando neste competitivo mercado, introduzirão inovações nos serviços de recolhidas e entregas de produtos de todo o tipo.

As grandes vítimas, a todas luzes, serão as lojas físicas, os grandes armazenes e lojas por departamentos, quem reduzir-se-ão drasticamente em várias partes do planeta, especialmente naqueles países aos que a pandemia tem golpeado mais e que, por coincidência, têm uma alta cultura e demanda de consumo.

Mas ainda e aquelas lojas que consigam sobreviver seguramente oferecerão uma nova relação com os consumidores. A digitalização dos estabelecimentos com balcões robotizados, a introdução de novas formas de pagamento ou o fortalecimento dos já existentes, bem como o possível desaparecimento das mercadorias a granel, pudessem ser alguns dos prováveis palcos.

Todo o anterior traria consigo mudanças importantes nas políticas de marketing. Podemos esperar uma redefinição dos canais de comunicação, como as redes sociais, bem como uma transformação no labor dos influencers e os “community groups”, além de variações importantes nas plataformas de conteúdos.

O SEO e o SEM das plataformas on-line desempenharão um papel mais significativo. E é de esperar, toda a vez que a folletería “passará” a melhor vida, tendo um papel mais activo na preservação das grandes extensões arborizadas que hoje se devastam para produzir papel. Em seu lugar, proliferarán, mais que dantes, os catálogos on-line, e os experientes vaticinan a criação de comunidades de consumidores e utentes ao redor de marcas e produtos. 

As sequelas no turismo

Não é um segredo que o turismo em general está a sofrer e seguirá padecendo com a pandemia do Covid 19, a pior que a humanidade tem enfrentado nos últimos cem anos, nem sequer comparável com a denominada “febre espanhola” que acabou com a vida de dezenas de milhares de pessoas em 1918.

Os hotéis, os cruzeiros e a aviação comercial são os três elementos que têm sido golpeados de uma maneira particularmente dura.

O coronavirus tem devastado a indústria hoteleira, obrigando aos hotéis a tomar medidas drásticas para sobreviver. Marriott tem dito que tem sofrido cancelamentos a níveis sem precedentes, forçando à companhia a despedir a milhares de trabalhadores. O Intercontinental Hotels Group (IHG), proprietário das marcas Holiday Inn e Crowne Praça, entre outras, afirmou recentemente que “a demanda de habitações é a mais baixa que tem visto em toda sua história”.

Outro tanto tem sucedido em navieras e aerolíneas, plagadas por cancelamentos e suspensões de viagens. Mas o pior de tudo, asseguram os experientes, será o prolongamento do período de recuperação para todos eles.

De acordo a vários estudos, como os realizados por Monitor Deloitte e o Boston Consulting Group, após ter tocado fundo nos meses de abril e maio, a recuperação desses três sectores será lenta e tortuosa, com índices ainda em valores negativos no mês de dezembro e com o início do rebote previsto para o mês de fevereiro de 2021.

E o comportamento não será o mesmo devido, em boa medida, a como irá se recuperando a confiança dos consumidores. Desde agora e até aproximadamente fevereiro de 2021, os turistas preferirão o “staycation” ou férias em casa”, sem correr o risco de fazer viagens de dez horas num avião “atestado” de passageiros.

Portanto, as reservas em hotéis localizados em destinos longínquos para os principais mercados emissores sofrerão as consequências enquanto os potenciais viajantes não sentam a melhoria da sensação higiênica progressiva, um indicador que -asseguram os estudos- só começará a mostrar melhoria em meados do mês de agosto deste ano.

O turismo MICE, igualmente vapuleado por uma avalanche de suspensões de feiras e eventos, possivelmente comece a repuntar a partir de novembro, mas a incerteza em torno da extensão e as consequências desta epidemia a escala mundial deixa em entredicho essa valoração.

Por último, resta ver quantos hábitos e costumes dos consumidores desaparecerão ou transformar-se-ão após a Covid 19. De ser assim, a indústria terá que se propor uma transformação, uma reinvención de si mesma e se ajustar aos novos tempos que correrão quando esta “investida” tenha cessado.

Enquanto, Caribbean News Digital sugere que fiquemos em casa e que a solução não  seja cancelar as viagens, senão só os pospor para quando cheguem tempos melhores. Salvemos-nos hoje para seguir viajando amanhã.

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