Congresso debate as vantagens econômicas do turismo para pessoas com deficiência

26 de Novembro de 2009 1:49pm
godking

Com o investimento em serviços altamente especializados para o público com deficiência, destinos turísticos de todo o mundo começam a investir em atividades de lazer e esporte que, além de promover a inclusão, aquecem ainda mais uma economia já reconhecidamente profícua. É o que indica, por exemplo, o aumento de 63% - de 20 para 32,5 mil - no número de camas adaptadas e de 50% na quantidade de quartos acessíveis nos Albergues da Juventude, entre 2005 e 2008.

A viabilidade econômica do turismo para pessoas com deficiência é um dos temas a serem debatidos no 2º Congresso de Turismo Muito Especial de Pernambuco, realizado pelo Instituto Muito Especial com o apoio do Ministério do Turismo. O evento acontece entre os dias 30 de novembro e 3 de dezembro, no Recife Palace Hotel. "Queremos acima de tudo contribuir para um melhor atendimento às pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida no turismo brasileiro quebrando as barreiras arquitetônicas e atitudinais", reflete o presidente do Instituto, Marcus Scarpa.

Para o consultor Eduardo Abreu, sócio da consultoria portuguesa Neoturis, o potencial econômico do turismo acessível ainda não pode ser contabilizado, mas já é percebido. "Acredito que ainda não temos um exemplo puro de retorno sobre investimento (ROI), mas algumas mudanças apontam positivamente para a rentabilidade da atividade", afirma. Outro sinal importante foi dado por uma pesquisa realizada pela Universidade de Münster, na Alemanha. Segundo o estudo, a aplicação de uma política de Turismo para Todos (Tourism for All) proporcionaria um aumento de R$5,2 bilhões na procura da atividade turística alemã, gerando 90 mil novos empregos e com impacto total de R$12,4 bilhões, aumentando em 0,24% o PIB do país.

Fora da rota europeia, o conjunto de ilhas que formam a Nova Zelândia possui circuitos de lazer adaptados aos turistas com deficiência que contam com passeios de catamarã, visitas a adegas, safáris e, para os mais aventureiros, o rafting nos rios da região. Nos Estados Unidos, as dimensões continentais do país possibilitam desde atividades de mergulho em grupos, até passeios familiares ao Grand Canyon.

No Brasil, onde cerca de 14,5% da população possui algum tipo de deficiência, segundo dados do Censo 2000, as ações acerca do turismo acessível começam a tomar forma, como mostra a cidade de Socorro, no interior de São Paulo. Reconhecido pelo Ministério do Turismo como destino referência, o município é pioneiro no segmento e, através de projetos como o Aventureiros Especiais e o Socorro Acessível, busca adaptar os serviços de lazer, cultura e esportes às pessoas com deficiência. "A demanda cresceu 30% desde o início da aplicação das novas políticas. Em 2008, nós tivemos uma média de 50 mil turistas", comemora a Coordenadora de Acessibilidade da Prefeitura de Socorro, Juliana Chehouan. Animados com o crescimento turístico da região, as empresas privadas começaram a investir no público especial: a localidade já conta com dois hotéis totalmente adaptados.

Ante esse cenário, Pernambuco dá os primeiros passos rumo à acessibilidade turística da capital e do interior. É o caso, por exemplo, do projeto Pernambuco Sem Barreiras, iniciativa da Secretaria de Turismo do Estado. Junto à sociedade civil - através de um fórum de discussões -, estão sendo organizadas visitas e oficinas em hotéis, bares e restaurantes, com o intuito de sensibilizar os proprietários em relação à necessidade de adequação dos estabelecimentos comerciais às pessoas com deficiência. "Também iremos adaptar todo o Centro de Convenções e os bares e restaurantes ligados à Abrasel vão dispor de cardápios em Braille. Em 2010 iremos realizar uma pesquisa para identificar as pessoas com deficiência dentro do segmento turístico, a ideia é tornar Pernambuco um destino acessível" afirma o secretário de turismo do estado, Sílvio Costa Filho.

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