Empresas espanholas seguirão tendo prioridade em Cuba
O governo cubano não espera uma avalanche turística estadunidense, nem também não é previsível em curto prazo a entrada dos inversores norte-americanos a Cuba. A posição foi confirmada em Madri por representantes do Executivo cubano durante sua participação em Fitur, quem sustentaram que as empresas espanholas, que têm apoiado a economia cubana durante os últimos anos, seguirão tendo prioridade nas adjudicações que realizará o governo nos próximos períodos de abertura.
Há que reconhecer, ademais, que sobretudo na esfera turística, as assinaturas espanholas já têm transitado um longo caminho de vínculos que poderiam ser bem mais proveitosos ante as novas perspectivas das relações entre Cuba e os Estados Unidos, que devem propiciar que as condições de viagem se relaxem e o incremento de negócios possa crescer, o mesmo com investimentos na renovação de imóveis que na construção de outros.
São múltiplos os atrativos de Cuba como destino do Caribe. Mas mais que sol e praia, sua oferta compreende a riqueza histórica e cultural de suas cidades, a música e até o estilo de vida dos cubanos.
Um relatório do World Travel & Tourism Council (WTTC) assinalou a previsão de que o negócio turístico suporá um 2,9 % do PIB cubano em 2024, mas depois do acordo de abertura das negociações cubano- estadunidenses, é muito provável que essas cifras se incrementem nos próximos anos.
Atualmente a Espanha é o terceiro sócio comercial de Cuba –depois de Venezuela e China-, com um fluxo global de importações e exportações próximo a 1000 milhões de euros ao fechamento de 2013. A nação ibéria aparece entre os principais emissores de investimento à Ilha, e ocupa o primeiro lugar nos negócios mistos no turismo.
Entre as principais companhias e assinaturas hispanas que têm acompanhado aCuba em etapas muito difíceis podem se mencionar a Meliá, a hoteleira com maior presença no arquipélago cubano, com mais de 20 estabelecimentos, entre estes um que em breve converter-se-á no maior da corrente espanhola em toda a órbita: o Melliá Jardines del Rey.
Outras incluídas na lista são NH, Iberostar, Barceló, que gerem estabelecimentos na ilha do Caribe há décadas. Aparecem também as linhas aéreas como o caso de Iberia com interrupções em 2013 ainda que já anunciou a retomada de voos a Havana, e Air Europa, cuja conexão tem sido direta e de maneira estável há alguns anos.
Companhias como Globalia, propriedade de Juan José Hidalgo, seguirão sendo mais escutadas e receberão um melhor trato por parte do governo cubano, segundo explicou Rolando Pérez Soto, gerente geral da agência de viagens Paradiso, que tem apresentado novos planos para o turista espanhol durante Fitur.
O próprio ministro de turismo cubano, Manuel Marrero, assegurou que o governo não tem previsões de crescimento espetaculares durante os próximos meses. “No ano passado recebemos três milhões de turistas e neste ano esperamos 3,2 milhões. Que ninguém espere uma avalanche”, explicou o titular do ramo à imprensa.
Mas o Executivo cubano assegura que a expectativa dos investimentos estrangeiros em Cuba é que aumente o turismo estadunidense na Ilha, o que tem motivado o interesse por novos projetos e negócios.
“Globalia tem mostrado interesse por construir novos hotéis e campos de golfe. Terá mais frequências de voos e todas as notícias positivas têm o acrescentado do anúncio de Iberia de retomar suas rotas a Havana”, precisou Marrero.
A agência de viagens Paradiso tem anunciado novos planos e programas dirigidos às famílias espanholas. Essa empresa pública tem subscrito acordos com os emblemáticos locais musicais de Havana para criar rotas nocturnas em estabelecimentos especializados em música como o son cubano, o jazz e o pop.
Ainda que os novos complexos hoteleiros e turísticos continuarão sendo desenhados essencialmente para uso e desfrute dos visitantes estrangeiros, o governo cubano assegura que a indústria sem lareiras está a favorecer às iniciativas privadas.