Esteban Salas, o primeiro compositor cubano
Esteban Salas não nasceu em Santiago de Cuba –tinha nascido em Havana em 25 de dezembro de 1725- mas sua consagração como músico e compositor a obteve em Santiago de Cuba, cidade na que desenvolveu seu gênio criador e onde morreu em 14 de julho de 1803.
Alejo Carpentier escreveu em seu documentado livro A Música em Cuba, publicado no México em 1946, o seguinte: “…Desde fazia num ano morava em Santiago de Cuba o primeiro compositor cubano cuja obra tiver de chegar até nós: Esteban Salas Castro. Não acertamos a nos explicar como a obra e a personalidade de Esteban Salas têm permanecido, até agora, sumidas na mais absoluta obscuridade. Não se lhe menciona, sequer, em livros que têm sentado cátedra e se estudam nos conservatórios por recomendação oficial. Não aparece seu nome em nenhum dicionário biográfico cubano. Laureano Fontes, que o cita de passagem, em seu livro As artes em Santiago de Cuba, não parece ter feito esforço algum por localizar suas partituras. (…) No entanto, pela importância do papel desempenhado na história da música cubana Salas era, sem dúvida alguma, a personagem que se fazia mais merecedor de uma detalhada e exaustiva pesquisa.”
Esteban Salas era sacerdote e destacado compositor do barroco americano, com elementos notáveis do classicismo. Ainda que com influências de músicos italianos e espanhóis, sobressai em sua obra uma grande sensibilidade americana.
Na Paroquial Maior da capital cubana estudou canto plano, violino, órgão, contraponto e composição.
Ingressa no Seminário de San Carlos, em Havana, à idade de 15 anos. Completa sua formação estudando Filosofia, Teologia e Direito Canônico.
Em 8 de fevereiro de 1764 chega a Santiago de Cuba ao ser nomeado pelo bispo Francisco Agustín Morell de Santa Cruz, Mestre Interino da Capela de Música da Catedral. Foi ordenado sacerdote em 1790. Verdadeiro místico, culto, vivia pobremente e sempre vestia de preto. Era delgado e de pequena estatura. Foi notável seu labor de composição de música religiosa, escrevendo em alguns casos, a letra das mesmas. A estas tarefas dedicou seus 39 anos de existência e de trabalho na então capital do oriente cubano.
Seu extenso catálogo musical compõem-no sete missas, dezassete salves e motetes, salmos, hinos e autos sacramentais, e formosas canções de Natal, religiosas e profanas.
Na atualidade, e como resultado de minuciosas pesquisas e estudos de música, se têm impresso e divulgado suas partituras e editado em discos o mais valioso de seu acervo musical.
Em sua honra levam seu nome o conservatório de Santiago de Cuba e o Festival Internacional de Música Coral que se celebra ali a cada dois anos, bem como o Festival de Música Antiga que tem lugar anualmente em Havana.
Esteban Salas, orgulho do povo de Santiago de Cuba, tem sido definitivamente resgatado do esquecimento, e faz parte da memória e o patrimônio histórico e cultural de Cuba.
