Funchal: cinco séculos como cidade

05 de Fevereiro de 2008 1:15am
godking

As comemorações oficiais existem quando há datas suficientemente "redondas" e fatos suficientemente importantes para justificar que a sua lembrança seja pretexto para o lançamento de projetos que, dificilmente, seriam realizados de outra forma. Neste caso, trata-se do quinto centenário da instituição do Funchal como cidade pela Coroa Portuguesa.

O investimento para as comemorações deverá chegar aos 4 milhões de euros e conta com o apoio do Governo Regional e de entidades privadas. Mais de 120 iniciativas estão previstas a decorrer até dezembro de 2008.

De acordo com Miguel Albuquerque, presidente da Câmara do Funchal, "todas as atividades planeadas espelham uma cidade descomplexada, multicultural e aberta".

Do Funchal Jazz Festival ao Festival Internacional de Cinema do Funchal, do Prêmio Literário Cidade do Funchal - Edmundo Bettencourt às Regatas de Tall Ships e Transquadra, das exposições à edição de 40 obras de referência, os eventos tocam as mais diversas áreas e os mais diversos públicos. No Dia da Cidade (21 de agosto), a data será assinalada com inúmeros acontecimentos a decorrer em simultâneo por toda a cidade.

O programa das comemorações foi apresentado pelo presidente da Câmara Municipal do Funchal, Miguel Albuquerque, numa conferência na Casa da Madeira, em Lisboa. A cerimônia contou ainda com a presença de Pedro Calado, presidente do Conselho de Administração da Empresa Municipal Funchal 500 anos, do Comissário Executivo para as Comemorações do V Centenário da Cidade do Funchal, Francisco Faria Paulino, e da estilista Fátima Lopes, embaixadora do "Funchal 500 Anos".

O calendário completo dos eventos pode ser consultado em http://www.funchal500anos.com/.

Um pouco de história

O arquipélago da Madeira foi descoberto em 1419 e o seu povoamento surgiu no quadro dos descobrimentos do século XV, como a primeira experiência de povoamento e exploração de terras até então nunca habitadas. Ensaiadas culturas que imediatamente deram lucros consideráveis, como o trigo e, depois, a cana de açúcar, este modelo veio a ser exportado para as novas terras atlânticas, como os arquipélagos das Canárias, Açores e Cabo Verde e, mais tarde, para o Brasil.

Nos finais do século XV, com base na exploração do açúcar, a Madeira constitui-se como um centro internacional de negócios e o porto do Funchal conheceu um enorme incremento. Por aí passavam os interesses e os agentes econômicos da nova sociedade mercantil.

Com o aumento das navegações no Atlântico Norte, a Madeira passou a desempenhar um importante papel de referência, pois dado o regime de ventos, todas as armadas que saíam da Europa com destino ao Atlântico Sul e ao Índico, passavam pelos mares madeirenses.

Ao longo dos séculos XVI e XVII, a ilha da Madeira, através do seu porto do Funchal, conseguiu assegurar a sua posição estratégica e comercial no quadro do Atlântico Norte, então graças a um novo produto: o vinho da Madeira. Nos séculos seguintes, são atribuídas aos vinhos madeirenses qualidades terapêuticas. Sua excelência ainda aumentava com as longas viagens marítimas, pelo que as grandes armadas a caminho das Índias Ocidentais e Orientais passam quase que obrigatoriamente pela Madeira para se abastecer.

A importância estratégica do porto do Funchal era reconhecida pelo almirantado Britânico nos meados do século XVIII, levando a constantes levantamentos geo-hidrográficos e posteriormente a duas ocupações.

Ao longo do século XIX correu também pela Europa a fama do clima da Madeira, especialmente recomendado para terapia de doenças pulmonares e a Ilha torna-se então uma importante estância de veraneio onde estiveram diversas personalidades da história européia, como Isabel de Áustria, ou Sissi, como também é conhecida.

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