Governo espanhol poderia prorrogar o “estado de alerta” em aeroportos até dois meses

O presidente do Governo, José Luis Rodriguez Zapatero, indicou no começo desta semana que “dependendo da evolução das circunstâncias, tomará a decisão oportuna sobre a prorrogação” do “estado de alerta”, decretado no domingo por 15 dias, em resposta à greve encoberta dos controladores aéreos.
Segundo a nota do jornal El Mundo que cita AFP, o Governo pensa manter a situação de exceção pelo menos durante quinze dias, porque senão ficaria à mercê dos mesmos controladores na época do Natal. Por isso, o estado de alerta nos aeroportos poderia estender-se até dois meses, “o período que é considerado necessário para preparar o primeiro grupo de controladores militares para substituir os primeiros profissionais civis despedidos, gravemente sancionados ou imputados penalmente”.
A extensão do estado de alerta por mais de 15 dias deve ser submetida ao Parlamento, segundo a Constituição espanhola. Nesta quinta-feira, Rodriguez Zapatero vai se dirigir aos deputados para expor as razões que levaram seu executivo a tomar essa medida extrema.
Da mesma forma, o chefe do Governo deverá pedir autorização aos grupos da câmara daqui a duas semanas para poder estender o estado de alerta.
Ao saber da greve, que provocou caos em todos os aeroportos do país ibérico ao paralisar o tráfego aéreo durante 24 horas na sexta-feira passada, quando milhares de espanhois aprestavam-se a desfrutar de uma ponte de cinco dias, o Governo nacional denunciou uma “chantagem intolerável”, preferiu ser firme e decretou o estado de alerta, reservado para situações de exceção como catástrofes naturais ou acidentes maiores. Esta disposição não tem precedentes em 35 anos de democracia, o que fez que os controladores cedessem e voltassem imediatamente ao trabalho.
Em virtude da medida anunciada por Zapatero, o controle aéreo ficou sob a autoridade do exército. Segundo uma informação dada no domingo pelo Ministro do Transporte, José Blanco, abriram-se 442 expedientes disciplinares aos participantes na greve, que em alguns casos podem até ser despedidos.
A greve declarada na sexta-feira é a continuação de um conflito de vários meses entre os 2.300 controladores aéreos espanhois e o Governo, que quer limitar as vantagens dessa profissão, que tem salários de 200.000 euros anuais na media e um sistema muito vantajoso de horas extras.