Ilhéus, universo da literatura de Jorge Amado

Basta chegar em Ilhéus para entrar no clima de uma das mais importantes fatias da rica literatura brasileira. Para quem já leu o livro Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado, ou viu alguma das obras do romance feitas para a TV, só é preciso pisar no Centro histórico para sentir o cheiro ‘daquela Ilhéus antiga’, o ‘cheiro do cacau’, e imaginar a personagem Gabriela andando pelas ruelas do local.
E para que isso aconteça, nada melhor do que entrar de fato no universo do autor, começando o passeio pela Casa de Cultura Jorge Amado, espaço que serviu como residência para ele quando se mudou de Itabuna, onde nasceu, para Ilhéus, ainda junto dos pais. A casa se situa no centro histórico, no espaço conhecido como Quarteirão do Jorge Amado, pois fica perto de vários locais usados pelo escritor para suas obras, como a casa onde viveu o personagem Tonico Bastos.
Aberta para visitação é passeio obrigatório na cidade. O local guarda tesouros como uma máquina de escrever usada por Jorge Amado, que pode ser vista no escritório – com bela vista para a praça – onde ele ficava para se inspirar para seus livros.
Na sala, móveis da época dão charme. A máquina de costura da família, que fazia tamancos de couro, ainda está lá e faz parte do acervo do local. A sala ainda dá espaço para diversas capas de revistas antigas a respeito de Gabriela. Fotos dele com outras personalidades também estão no roteiro. Outra atração fica por conta dos objetos pessoais de Jorge Amado, como suas camisas estampadas e muito coloridas. Algumas gravatas também podem ser vistas, assim como um chapéu e um relógio que eram do escritor.
Como não bastasse todo o conteúdo cultural do local, a construção por si só já seria motivo para a visita. Datada de 1926, a casa foi construída depois que o pai de Jorge Amado, João Amado de Faria, ganhou na loteria. O espaço, um palacete, contém azulejos ingleses, cortinas de jacarandá e mármore carrara.
Centro histórico guarda muitas surpresas
Em pé há 106 anos, o Bar Vesúvio foi local de muitas reuniões entre coronéis de Ilhéus. Era lá que tudo se discutia e se resolvia. Ao lado da igreja de São Sebastião e da Casa de Jorge Amado, o local também serviu de inspiração para Gabriela, Cravo e Canela.
A história do Bar Vesúvio se mistura com a de outro local clássico da cidade, o Bataclan. Construído em 1864, o Bataclan funcionava como cassino e cabaré e era frequentado por coronéis do cacau e por jovens da época, um deles era Jorge Amado.
Vinicius Castelli/ Diário do Grande ABC