O turismo de massas ameaça às ilhas mais remotas de Tailândia

14 de Outubro de 2013 3:40am
claudia

As ilhas mais remotas de Tailândia como Koh Lipe, antanho a salvo do custo ambiental e social do turismo de massas, se vêem ameaçadas pela expansão dos voos de baixo custo e o desenvolvimento sem controle. 

As praias de águas turquesa e areia branca e as sombras das palmeras são o perfeito reclamo para os milhares de turistas que visitam Koh Lipe durante a temporada alta, na época seca, e inclusive durante o monção. 

O turismo tem provocado o crescimento econômico da ilha, com hotéis, restaurantes e bares por todos lados, mas também um problema meio ambiental pelo excesso de lixo e social, devido à situação de vulnerabilidade da minoria urak lawoy. 

Este povo, também conhecido erroneamente como os “gitanos do mar”, se beneficia levando de excursão aos turistas em seus botes para visitar outras ilhas, pescar (ainda que em muitos lugares é ilegal) ou praticar snorkel. 

Estas excursões deixam montanhas de ambalagem de poliestireno em outras ilhas desabitadas como Koh Hin Ngam, onde uma lenda do deus de Tarutao ameaça de morte ao que se leve uma de suas emblemáticas pedras negras, ainda que nada diz dos que atiram o lixo. 

Os urak lawoy, que chegaram faz séculos desde os territórios que hoje conformam Malásia e Indonésia e falam uma espécie de dialeto malasio misturado com tailandês, lamentam que os operadores turísticos tiveram ido empurrando para o interior da ilha para poder ampliar seus negócios. 

“Nós levamos aqui várias gerações, mas depois chegaram os tailandeses e compraram as terras. Agora temos que pagar um aluguel e mover nos continuamente para lhes fazer lugar”, explica Lopatum, um pescador de 40 anos. 

Segundo este urak lawoy, os tailandeses praticamente enganaram aos locais ao pagar-lhes uns 5.000 bat (uns 156 dólares ou 116 euros) por rai, uma medida de superfície tailandesa que equivale a uns 4 metros quadrados. 

“Às vezes a situação é tensa. Porque eles cercam suas propriedades e nos empurram para o interior. Também às vezes brigam entre eles, e têm trazido drogas à ilha”, se queixa Lopatum. 

Não obstante, os membros desta comunidade, que antanho costumavam vagar de um lugar a outro em suas embarcações, admitem que as autoridades lhes concederam a cidadania, bem como a oportunidade de receber educação primária, ainda que em tailandês. 

Com uma área de uns 1,6 quilômetros quadrados, a pequena Koh Lipe encontra-se no extremo sul de Tailândia, no mar de Andamán, dentro do parque natural de Tarutao e à beira da fronteira com Malásia. 

Trata-se da única ilha do parque onde está permitida a urbanização, o que se converteu em uma febre com o turismo dos últimos anos. 

Esta zona, popular por suas praias paradisíacas, a diversidade biológica nas ilhas e por contar com alguns dos melhores lugares para o mergulho, encontra se um tanto apartada das rotas turísticas habituais. 

No entanto, as ofertas das linhas aéreas de baixo custo, que incluem o vôo, veículo e lancha até a ilha, têm provocado um aluvião de visitas, aumentando o número dos turistas inclusive na época de chuvas (entre maio e outubro). 
 

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