Santiago de Cuba: cidade de ruas com muitos nomes

29 de Janeiro de 2015 2:23pm
claudia
Santiago de Cuba: cidade de ruas com muitos nomes

Santiago de Cubadescobre-se ante os seus transeúntes de forma singular, caminhar por esta antiga vlla colonial em procura de uma direcção pode resultar complicado: suas ruas resistem-se a perder o nome com o que as baptizaram, há quase médio milénio.

Assim, por exemplo, entre as tradições e a idiossincrasia, está Enramadas, –a mais populosa e comercial, e quiçá uma das mais famosas de Cuba– que causa assombro quando se conhece que o seu nome oficial é José Antonio Saco, detalhe que muito poucos sabem.

Destas histórias e curiosidades singulares, explica o Dr. Humberto Ocaña Dayar, especialista em linguística e toponimia urbana que "em Santiago de Cuba mais de vinte ruas receberam inicialmente nomes de santos, o que é muito particular porque em outras cidades cubanas não foi um número tão excessivo".

Agrega que "teve ruas que se baptizaram de acordo ao poder monárquico espanhol, tratando do respeitar ou adulárlo, tal é o caso da rua Princesa, ou de Cristina, em honra à Rainha María Cristina, entro outros".

Durante a etapa colonial se arraigaram na memória popular nomes como Santo Tomás, Trinidad, Calvario ou a central Enramadas, que deve sua denominação aos detalhes com que a enfeitavam à chegada da Semana Santa.

Outro caso parecido é o da rua Talho, oficialmente Pío Rosado. Esta artería denomina-se assim há muitos anos, desde que nela se inaugurou a Praça do Talho (hoje Parque Serrano) que aludia à atividade fundamental que nela se realizava: a venda de carne.

Esta via em 1700 denominou-se Rua da Picota, porque colocou-se ali a picota pública da vila, –que hoje se conserva no Museu Provincial Emilio Bacardí–, onde se castigava aos réus e malhechores.

No entanto, parece que este nome não se popularizou tanto como o primeiro. Com o Parque Serrano –uma delícia para jogadores de dominó e quem passeiam pelo Centro Histórico–, passou algo parecido. O nome com o que é conhecido atualmente data de 1861, e rememora ao pai Manuel Joseph Serrano, quem fosse vice-retor do Seminário San Basilio o Magno em 1740 e autor do primeiro poema escrito em Santiago de Cuba.

No ano 1927 a praça foi rebaptizada com o nome do patriota Rafael Labra, mas dita denominação nunca prosperou entre a população, que segue chamando ao lugar Parque Serrano.

"No século XIX, e especificamente ao redor dos anos oitenta, surge em Santiago de Cuba um grupo de libre-pensadores denominado Victor Hugo, que começaram a propor ao governo espanhol arraigado nesta cidade que se substituíssem os nomes de algumas ruas", explica o Dr. Humberto Ocaña Dayar.

Com as novas denominações, as ruas rendiam tributo a personalidades da história de Cuba e do exército libertador. No entanto, para muitos dos habitantes desta antiga vila, a mudança continua inadvertido.

A inícios do século XX os povoadores reconheciam muito poucas das novas ruas, tratava-se de Heredia, Aguilera, Martí, Maceo, ou seja, aquelas que faziam referência a ilustres santiagueros ou personalidades com as que se identificavam.

Em mudança, o desconhecimento dos patriotas que designavam as restantes ruas trouxe que com o passo dos anos ficassem quase em desuso. Alguns exemplos são as ruas que levam os nomes do general Rabí, Porfirio Valente ou Félix Pena.

Próxima a suas 500 anos, a vila de Santiago de Cuba mostra a identidade de seus povoadores com a história de sua cidade.

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