Alejandro Rojas Díaz Durán, secretário de Turismo do Distrito Federal e presidente da FITA no México

07 de Dezembro de 2010 10:24pm
Alejandro Rojas Díaz Durán, secretário de Turismo do Distrito Federal e presidente da FITA no México

No passado mês de setembro foi realizada com sucesso no Distrito Federal (DF), no México, a Feira Internacional do Turismo das Américas, FITA, que, segundo os organizadores, quer ser o evento de seu tipo mais importante do continente. Na recente World Travel Market, em Londres, o secretário de Turismo do DF falou conosco sobre os planos para a FITA 2011, e as diferenças e sinergias do evento em relação a outros semelhantes que são organizados no México e na América Latina.

Como tem funcionado a Feira no seu objetivo de promover México como capital da América, e, ao mesmo tempo, trazer negócios que vêm de outras regiões?

- A FITA está concebida como um novo espaço de convergência de toda a indústria turística da América e do resto do mundo, para podermos ter na Cidade do México um ponto de encontro, onde se desenvolvam estratégias de alianças que tenham influência nos novos mercados - como os emergentes, com grande potencialidade de consumo - e nas novas tendências mundiais de viagem. Procuramos ter na América uma feira que semelhante a outros eventos mundiais da Ásia ou da Europa.

Como região, América tem muitas sub-regiões e destinos que podem unir-se para competir, mas ao mesmo tempo para aproveitar os mercados, e também os mercados podem vir à América e integrar produtos e serviços.

Só mais um dado: além da posição no centro da região, de sua personalidade, a área de Cidade do México, a região metropolitana, com 40 milhões de pessoas, concentra 80% do poder aquisitivo mais forte do país. Para qualquer operador, para qualquer destino ou país, o mercado mexicano é muito importante.
       
México é um dos grandes emissores de turismo ao mundo (à Europa, aos Estados Unidos, à América Latina...), mas ao mesmo tempo é um grande destino e é um referente da América Latina para outros mercados: Cidade do México tem uma posição geoestratégica no mapa; fazer uma feira na cidade é fazer uma feira no coração da América Latina. Isso pressupõe que a Cidade do México oferece uma plataforma para a maior visibilidade de muitos destinos da região que procuram entrar com mais força nos mercados internacionais, e também para mercados internacionais que tentam entrar na América.

Nesse sentido, penso que a primeira edição teve muito sucesso. Tivemos uma participação importante de países: 55; recebemos compradores de quase o mundo todo. Na primeira versão as pessoas vinham com expectativas e algumas até duvidavam que se conseguisse. Porém, foi possível. México, pela sua personalidade, pela riqueza que tem que vai da sua gente e sua natureza, até sua gastronomia, sua cultura, seu patrimônio arqueológico e artesanal, merece se mostrar ao mundo da forma que se mostrou nesta feira. E já se pode dizer que joga nas grandes ligas das feiras mundiais do turismo, que são os grandes eventos onde se relaciona o mercado todo.

No México existe uma feira histórica, o Tianguis de Acapulco. Do ponto de vista de um operador europeu, por exemplo, que sentido teria assistir ao Tianguis e também à FITA? Qual o diferencial entre elas?

- Têm três diferenças básicas. O Tianguis se concentra no produto nacional, não é uma feira aberta ao público e também toda a diversidade do país não está representada. Nesse sentido, o que fazemos com a FITA é, no primeiro lugar, mostrar México em toda sua grandeza e suas particularidades, e promovemos os destinos mais conhecidos, mas também os menores. É preciso levar em conta a conexão aérea de Cidade do México, que é muito maior do que a de Acapulco. O número de profissionais e compradores que convidamos é muito maior do que no Tianguis. Na Cidade do México o mercado consumidor que pode ir à feira à procura de ofertas é muito maior. O objetivo não é competir com o Tianguis; o Tianguis está orientado aos profissionais e mercados do México. A FITA é a grande feira que mostra isso e muito mais.
          
O México tem se posicionado no mundo, durante muitos anos, com sol e praia somente, o que tem deformado o conceito da imagem turística do país. Com a FITA queremos mudar essa imagem, mostrar que México não é só praias bonitas, mas também um país enorme com diferentes destinos, com uma cultura rica e muitas coisas para oferecer.  
 
Que preparam nesse sentido para a próxima FITA?

- A FITA 2011 vai ser temática. Vamos ter, por exemplo, FITA Congress, FITA Green, FITA Medic, FITA Gay... Muita gente não conhece que México tem uma natureza vasta, que pode competir com qualquer destino de natureza do mundo; que tem uma infra-estrutura enorme de serviços médicos; que tem imensas potencialidades para o turismo religioso... Estamos fazendo a feira por temáticas para os profissionais encontrarem facilmente tudo o que procurarem. Essa é mais uma diferença com o Tianguis. Agora desenvolvemos um produto e diferenciamos os destinos. Não somente mostramos Oaxaca, mas fazemos que Oaxaca brilhe através de Huatulco.  

Poder-se-ia dizer que é semelhante à FITUR com seu espaço dedicado à Espanha?

- Claro. É uma idéia que a FITUR tem desenvolvido maravilhosamente. Pedimos a cada área de Cidade do México, por exemplo, mostrar sua diferença e sua grandeza: Xochimilco em si próprio é um destino, mas também é a vila de Guadalupe, como são o Centro Histórico ou áreas como Milpa Alta, que já têm turismo ecológico, rural, alternativo... Fazemos com que a cidade mostre os milhares de rostos que tem, para que a gente veja a cidade com sua complexidade, que não é só uma prancha de concreto enorme, majestosa e monumental, senão que tem uma grande diversidade: temos Temazcales astecas, pre-hispânicos; gastronomia também pré-hispânica; povos e tradições que ainda têm cerimônias milenárias com o sincretismo espanhol; cerimônias como o Dia dos Mortos, únicas no mundo. Queremos que o pavilhão do México mostre a riqueza do país, de cada região, como o pavilhão da Espanha na FITUR mostra sua grande riqueza regional.  

Há várias feiras importantes na América Latina, como ABAV, do Brasil, e a FIT, da Argentina, concorrentes da FITA e estão próximas no tempo. Que vão fazer para diferenciar a FITA?

- Falamos com os organizadores da ABAV e da FIT, e até já existe um movimento de calendários. Eles também têm interesse no mercado mexicano, e têm interesse em que os mercados emergentes e os Estados Unidos participem com muita força. O fato de estarmos tão perto dos Estados Unidos também nos põe em uma posição interessante. Além disso, somos uma porta muito forte à Europa e à Ásia; o Japão, por exemplo, nunca tinha estado em uma feira do turismo na América Latina, e participou da primeira FITA. E também a Índia, a Malásia, o Vietnã, a China… Então, os organizadores da ABAV vão repensar sua data para 2012, e a FIT também vai mudá-la. Não queremos competir, queremos abrir espaços para o desenvolvimento de todos. Eles compreendem a necessidade do México de ter esta feira. É importante sermos parceiros, e de fato estamos fazendo convênios com essas duas grandes feiras. Penso que em três os calendários estarão perfeitamente adaptados. No entanto, a FITA vai inaugurar-se no 22 de setembro de 2011.

Haverá uma FITA online?

- Haverá claro, é um complemento, mas não um substituto. O turismo é cultura, é um diálogo global, e as feiras nunca poderão se substituir pela tecnologia. A FITA se soma aos grandes esforços das redes mundiais de feiras, esses espaços que propiciam o diálogo civilizatório e cultural.        
 

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