Alexis Gómez, gerente-geral das Cabanas Uaguinega, no Panamá

23 de Abril de 2010 3:47am
godking

Em Kuna Yala, uma das três localidades indígenas panamenhas com status de província, foi desenvolvido nos anos 90 o projeto turístico-ecológico Cabanas Uaguinega, ampliado recentemente com o Akwadup Lodge Resort, localizado numa ilha coralínea. O complexo, de estilo rústico-tradicional mas com o conforto da modernidade, é propriedade de uma família kuna e é uma referência de sucesso e fonte de emprego para a população local.

Quando começou o projeto?

A ideia surgiu em 1992 e foi fundado por Gerónimo de la Ossa Vargas e sua esposa Mariela Tejeda. É um projeto totalmente kuna e não é permitido o investimento estrangeiro. Em 1992 havia apenas uma cabana e hoje há 11, além do Akwadup Lodge, com 7 cabanas sobre o mar.

O senhor é kuna? Como é que chegou a ser gerente-geral do ecoresort?

Eu sou da capital. Em 2005 a diretoria da empresa, que são os fundadores e seus filhos, no total 7 pessoas, contrataram-me para fazer uma palestra sobre temas empresariais. Eles ficaram muito satisfeitos e alguns meses depois me convidaram para apoiar o trabalho deles, primeiramente durante três meses na capacitação dos funcionários e na assessoria de vendas. Em 2006 passei a ser gerente-geral. Organizamos alguns seminários, até no campo da expressão oral. Foi muito positivo e as vendas aumentaram 50%.

Quais as razões para serem um hotel ecológico?

Tentamos proteger ao máximo o meio ambiente. Recentemente passamos a utilizar paneis solares. O Akwadup Lodge está cercado de palmeiras e de animais da ilha que protegemos porque é a gente que está no meio deles.

Um dos ponto saltos da empresa é a procura da natureza pelos turistas, de modo que devemos protegê-la porque dependemos dela.

Qual a faixa etária dos clientes?

Principalmente de 30 a 80 anos. Muitos dos clientes são empresários, políticos ou artistas e, depois de conhecerem muitos hotéis de cinco estrelas, procuram algo mais natural. É isso que oferecemos: um hotel natural, mas confortável, com uma gastronomia excelente.

A maior parte dos hóspedes vem dos Estados Unidos, do Canadá, da Espanha, França e Suíça.

E os funcionários do hotel?

A maior parte são kuna (95%). É a prioridade. Os restantes 5% são "latinos" e ocupam os postos de maior qualificação.

Como foi o comportamento histórico da ocupação e das vendas?

Em 2005 o hotel tinha alguns problemas de rentabilidade, mas a partir de 2006 começou a ter lucros. Hoje é uma empresa sólida. Investimos cerca de 50 mil dólares na manutenção dos dois hotéis e temos podido aumentar os salários. Temos relações com mais de 150 agências de viagens e obtivemos o Bizz Award em 2008.

Mas acho que esses resultados não estão ligados unicamente ao aspecto administrativo...

Não. Meu trabalho aqui tem sido como consultor, advogado, psicólogo, palestrante... Anteriormente meu trabalho era muito diverso em diferentes áreas da economia. Só a partir da minha chegada às Cabanas Uaguinega em 2005 comecei verdadeiramente no mundo do turismo que não penso deixar. Também aprendi muito do povo kuna, principalmente na valorização das pessoas.

Quais as perspectivas turísticas de Kuna Yala?

Kuna Yala é como um diamante bruto. Eu defendo que os indígenas tenham suas reservas para o desenvolvimento das suas tradições, mas penso que o turismo é uma fonte para o crescimento deles.

No Panamá, Kuna Yala é um dos locais que permaneceu mais virgem e precisa de uma atividade mais aberta, mas sempre preservando os interesses e o desenvolvimento humano das comunidades indígenas.

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