Corais do Caribe ameaçados por sobre pesca e turismo

A sobrevivência dos corais no Caribe encontra-se em risco devido principalmente a pesca sem regulação e ao turismo desenfreado, adverte um relatório.
Segundo o relatório Estado dos Arrecifes do Mar Caribe, da Rede Global de Monitoramento dos Arrecifes de Corais (GCRMN), de continuar a sobre pesca, em especial do peixe loro, os arrecifes poderiam desaparecer nos próximos 20 anos.
Os peixes loro alimentam-se das algas que extraem dos troços de coral que se desprendem dos arrecifes. Os troços de rocha e coral são defecados como areia, que se acumula nas praias circundantes a estes arrecifes.
“Se detemos toda a pesca submarina e a sobre pesca de peixes que se alimentam de algas contribuiríamos à metade dos esforços. O valor econômico destes peixes é muito baixo”, diz a Scidev.net Jeremy Jackson, diretor do Centro de Biodiversidade Marinha e Conservação do Instituto de Oceanografia Scripps, um dos editores do relatório.
A cobertura original de coral nos mares do Caribe já se reduziu num sexto, precisa o relatório publicado o 2 de julho.
No Caribe encontra-se o 9% de arrecifes de corais do mundo e representa um dos mais diversos ecossistemas no planeta. O relatório compilou mais de 35.000 pesquisas coletadas de 90 instituições e centros que monitoram os corais desde a década de 70.
“Fizemos uma análise muito conservadora e observamos uma perda da metade da cobertura viva de corais”, comenta Jackson. Ele recomenda aprender a enfrentar os reptos do desenvolvimento costeiro e regular a pesca para ter corais saudáveis.
O relatório realça as experiências exitosas das ilhas de Bermuda e Bonaire nas Antillas, e do Santuário Marinho Nacional de Flower Garden Banks, no norte do Golfo de México, onde se proibiu a pesca do peixe loro e outras espécies marinhas que atentam contra os corais.
Nos lugares onde não há ações para proteger o peixe loro proliferam as plantas marinhas que criam um ambiente “pouco propício” para que se assentem os corais, explica Jorge Cortês Núñez, catedrático do Centro de Investigação em Ciências do Mar (CIMAR) da Universidade de Costa Rica.
“Está a cair a cobertura dos corais em todo mundo e o Caribe não é a exceção. As ações locais para combater a contaminação e a sobre pesca fazem a diferença”, sublinha Núñez.
Ambos os especialistas coincidem em afirmar que se nas próximas duas décadas não se adotam políticas de prevenção, a probabilidade de que se desapareçam a maioria dos corais na região é alta.