Entrevista a Claudio Dante Gardenal, Segundo Comandante do buque escola argentino Fragata Libertad

O buque argentino Fragata Libertad cumpriu, em 28 de maio de 2013, 50 anos de serviço naval. É um veleiro de três paus, o pau maior (tem uma altura de 50 metros), o traquete ou pau de proa e o de popa, que é o chamado mesana.
Tem uma lora de 103 metros de longo e uma manga de quase 15 metros. Conta com 320 tripulantes, dos quais 88 são guarda-marinha argentinos e invitados da África do Sul, Bélgica, Uruguai, Jamaica, Bolívia e outros países.
A Fragata ARA Libertad cumprirá nesta travessia a primeira parte de sua Viagem de Instrução número 44 com as promoções 142 e 143 da Escola Naval Militar de La Plata, na Argentina, para se residir como Oficiais de Marinha.
Além de ser buque escola, a Fragata Libertad tem entre seus objetivos ser embaixador da República Argentina nos portos do mundo.
O presidente editor do Grupo Excelencias, o Sr. José Carlos de Santiago, num percorrido pelo buque, durante sua parada no porto de Havana (não visitava Cuba há 41 anos), conversou com vários dos tripulantes e fez uma entrevista a Claudio Dante Gardenal, Segundo Comandante do buque.
O Fragata Libertad é o único buque escola de fabricação íntegra no seu país de origem. Em que ano foi fabricado?
O buque começou a se construir no ano 1953, no Estaleiro Rio Santiago, é de desenho e construção argentina; o casco do barco foi botado em 1956, aos três anos exatos de sua construção e em 1963, realizou a primeira Viagem de Instrução.
Tem tido alguma reparação capital nestes anos?
Entre 2004 e 2007 o buque foi submetido a uma reparação do que chamasse-lhe média vida, ai se aproveitou para faze-lhe mudanças, fundamentalmente na planta propulsora, todo o que tem que ver com as redes de tubagens do buque e o cabeado; uma particularidade é que, nesse período, teve uma adaptação para o embarco de pessoal feminino.
Alguém disse para mim que o buque tem dois motores propulsores de 948 cavalos de força cada um?
Correto, o buque tem dois motores marca Diesel de 16 cilindros por motor em V. O desenvolvimento de potência destes motores dá se com um par muito alto, por isso o buque vai se manejando, segundo se diz em navegação, com um índice de carga em função da resistência e o avanço que tem o vá mudando.
Não obstante, além de variar os motores, se transformou a hélice, de passo fixo para passo controlável; então, podem se controlar não só as revoluções do motor, senão também o ângulo da hélice e dessa forma vai se propulsando.
Isso facilita muito a navegação a vela, porque no momento de propulsar a vela pura, a hélice pode passar a passo cero e opõe-lhe a menor resistência ao buque para orientá-lo puramente a vela.
Qual é o índice de revolução destes motores?
A relação de revoluções do motor à hélice é de três a um. Nós jogamos com um terceiro gerador que chamamos de cola, é de energia elétrica de grande potencia, não trabalha com um motor térmico, senão acoplado ao eixo dos motores; mas isso é quando pomos os dois a 900 revoluções, temos potencia para usar a discrição, os requerimentos de altos consumidores como cozinhas, lavandeiras, guinches para vela e ares acondiçoados.
Qual é a capacidade do barco para o gasóleo?
O barco tem uma capacidade máxima de 300 metros cúbicos de gasóleo, 300 toneladas de diesel e consume uns sete metros cúbicos por dia, navegando a uma velocidade promédio entre 8 e 10 nós.
Quando navega com vela, quanto consegue poupar?
Quase 80%, porque o único que continua funcionando é um gerador para produzir a energia elétrica e quando é navegação mista consume uns 4 ou 4,5 metros cúbicos por dia; é dizer, 50% do consumo total.
Até quantos nodos pode chegar em navegação mista?
Com navegação mista não aumenta tanto a velocidade, senão que diminui o índice de carga do motor e trabalha mais descansado.
O arriado de velas se faz de forma mecânica?
Arriar e soltar velas de faz de forma manual desde os paus, mas depois, para a manobra se usam os seis guinches com alimentação elétrica.
Há alguma característica especial que você considere importante dizer?
O buque, si falarmos da sua história, tem o recorde de velocidade no cruzamento do Atlântico Norte, em 1966. Esta é a medalha comemorativa do IV Viaje de Instrução desde Cabo Rey até Isla Dulce. Ao buque o surpreendeu um trem de baixas no Atlântico Norte navegando a vela pura e voando chegou em 8 dias e 12 horas, uma distancia de 2.058 milhas.
Você dizia para nós que tinham ganhado uma das Chaleiras de Prata, em qual uma concorrência?
A Chaleira é outorgada pela Sail Training Association conhecida como a Boston Teapot e se outorga ao buque que tenha como mínimo 80% da tripulação em instrução e cubra a maior distancia em 124 horas.
Você tem participado nas Grandes Velas?
É sim. Nós temos participado nas Grandes Velas em 2010 e agora em 2014 que terminou há muito pouco no porto de Veracruz, no México.
Este é um evento de grandes concentrações e competições.
Este ano não foi de competição, mas sim numa das primeiras pernas entre o porto da Guaira e o porto de Santo Domingo se acordou uma competência: formar uma regata ao primeiro que cruzara a linha.