Entrevista a Claudio Dante Gardenal, Segundo Comandante do buque escola argentino Fragata Libertad

21 de Julho de 2014 4:39pm
claudia
Entrevista a Claudio Dante Gardenal, Segundo Comandante do buque escola argentino Fragata Libertad

O buque argentino Fragata Libertad cumpriu, em 28 de maio de 2013, 50 anos de serviço naval. É um veleiro de três paus, o pau maior (tem uma altura de 50 metros), o traquete ou pau de proa e o de popa, que é o chamado mesana.

Tem uma lora de 103 metros de longo e uma manga de quase 15 metros. Conta com 320 tripulantes, dos quais 88 são guarda-marinha argentinos e invitados da África do Sul, Bélgica, Uruguai, Jamaica, Bolívia e outros países.

A Fragata ARA Libertad cumprirá nesta travessia a primeira parte de sua Viagem de Instrução número 44 com as promoções 142 e 143 da Escola Naval Militar de La Plata, na Argentina, para se residir como Oficiais de Marinha.

Além de ser buque escola, a Fragata Libertad tem entre seus objetivos ser embaixador da República Argentina nos portos do mundo.

O presidente editor do Grupo Excelencias, o Sr. José Carlos de Santiago, num percorrido pelo buque, durante sua parada no porto de Havana (não visitava Cuba há 41 anos), conversou com vários dos tripulantes e fez uma entrevista a Claudio Dante Gardenal, Segundo Comandante do buque.

O Fragata Libertad é o único buque escola de fabricação íntegra no seu país de origem. Em que ano foi fabricado?

O buque começou a se construir no ano 1953, no Estaleiro Rio Santiago, é de desenho e construção argentina; o casco do barco foi botado em 1956, aos três anos exatos de sua construção e em 1963, realizou a primeira Viagem de Instrução.

Tem tido alguma reparação capital nestes anos?

Entre 2004 e 2007 o buque foi submetido a uma reparação do que chamasse-lhe média vida, ai se aproveitou para faze-lhe mudanças, fundamentalmente na planta propulsora, todo o que tem que ver com as redes de tubagens do buque e o cabeado; uma particularidade é que, nesse período, teve uma adaptação para o embarco de pessoal feminino.

Alguém disse para mim que o buque tem dois motores propulsores de 948 cavalos de força cada um?

Correto, o buque tem dois motores marca Diesel de 16 cilindros por motor em V. O desenvolvimento de potência destes motores dá se com um par muito alto, por isso o buque vai se manejando, segundo se diz em navegação, com um índice de carga em função da resistência e o avanço que tem o vá mudando.

Não obstante, além de variar os motores, se transformou a hélice, de passo fixo para passo controlável; então, podem se controlar não só as revoluções do motor, senão também o ângulo da hélice e dessa forma vai se propulsando.

Isso facilita muito a navegação a vela, porque no momento de propulsar a vela pura, a hélice pode passar a passo cero e opõe-lhe a menor resistência ao buque para orientá-lo puramente a vela.

Qual é o índice de revolução destes motores?

A relação de revoluções do motor à hélice é de três a um. Nós jogamos com um terceiro gerador que chamamos de cola, é de energia elétrica de grande potencia, não trabalha com um motor térmico, senão acoplado ao eixo dos motores; mas isso é quando pomos os dois a 900 revoluções, temos potencia para usar a discrição, os requerimentos de altos consumidores como cozinhas, lavandeiras, guinches para vela e ares acondiçoados.

Qual é a capacidade do barco para o gasóleo?

O barco tem uma capacidade máxima de 300 metros cúbicos de gasóleo, 300 toneladas de diesel e consume uns sete metros cúbicos por dia, navegando a uma velocidade promédio entre 8 e 10 nós.

Quando navega com vela, quanto consegue poupar?

Quase 80%, porque o único que continua funcionando é um gerador para produzir a energia elétrica e quando é navegação mista consume uns 4 ou 4,5 metros cúbicos por dia; é dizer, 50% do consumo total.

Até quantos nodos pode chegar em navegação mista?

Com navegação mista não aumenta tanto a velocidade, senão que diminui o índice de carga do motor e trabalha mais descansado.

O arriado de velas se faz de forma mecânica?

Arriar e soltar velas de faz de forma manual desde os paus, mas depois, para a manobra se usam os seis guinches com alimentação elétrica.

Há alguma característica especial que você considere importante dizer?

O buque, si falarmos da sua história, tem o recorde de velocidade no cruzamento do Atlântico Norte, em 1966. Esta é a medalha comemorativa do IV Viaje de Instrução desde Cabo Rey até Isla Dulce. Ao buque o surpreendeu um trem de baixas no Atlântico Norte navegando a vela pura e voando chegou em 8 dias e 12 horas, uma distancia de 2.058 milhas.

Você dizia para nós que tinham ganhado uma das Chaleiras de Prata, em qual uma concorrência?

A Chaleira é outorgada pela Sail Training Association conhecida como a Boston Teapot e se outorga ao buque que tenha como mínimo 80% da tripulação em instrução e cubra a maior distancia em 124 horas.

Você tem participado nas Grandes Velas?

É sim. Nós temos participado nas Grandes Velas em 2010 e agora em 2014 que terminou há muito pouco no porto de Veracruz, no México.

Este é um evento de grandes concentrações e competições.

Este ano não foi de competição, mas sim numa das primeiras pernas entre o porto da Guaira e o porto de Santo Domingo se acordou uma competência: formar uma regata ao primeiro que cruzara a linha.

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