FMI reduz previsões de crescimento dos Estados Unidos

O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou drasticamente para baixo a previsão de crescimento dos Estados Unidos, que deve registrar "uma leve recessão" em 2008, com uma queda inédita dos preços no setor imobiliário e uma retração no consumo.

"A economia americana registrará uma leve recessão em 2008, devido aos efeitos da crise imobiliária e dos mercados financeiros, antes de se recuperar progressivamente em 2009", afirma o FMI em suas previsões econômicas mundiais.

O Produto Interno Bruto (PIB) americano deve crescer somente 0,5% em 2008 e 0,6% em 2009, o que representa uma revisão para baixo de um ponto e 1,2 ponto percentual, respectivamente, em relação às previsões de janeiro. No ano passado, o PIB americano registrou alta 2,9%.

O FMI prevê uma recuperação "mais lenta" em 2009, comparada com a recessão anterior, em 2001.

Uma das principais ameaças continua sendo o setor imobiliário que, de acordo com o FMI, deve enfrentar um aumento dos problemas, o que provocará uma baixa dos preços. "A perspectiva de base prevê uma queda dos preços das vendas entre 14 e 22% em 2007-2008, algo sem precedentes nos Estados Unidos", afirma a publicação.

O FMI destacou também a prolongada crise nos mercados financeiros, que "ameaça provocar um efeito seriamente restritivo sobre a atividade".

No geral, o FMI considera que os principais indicadores da demanda interna serão "frágeis" em 2008, com uma queda de investimentos residencial e uma retração de investimentos das empresas.

Segundo o plano de reativação, o consumo, principal motor do crescimento, deve registrar queda também, com o encarecimento do crédito e a alta massiva do desemprego, que deve alcançar 5,4% neste ano e 6,3% no ano que vem.

A inflação continua a ser uma questão delicada, apesar da previsão dessa atividade ser cada vez mais restrita e um mercado de trabalho frágil ter condições de neutralizar os riscos, afirmou o FMI, que também pediu a ajuda do governo americano para atuar de maneira mais incisiva contra a crise imobiliária.

"Poderíamos considerar adotar medidas para facilitar o refinanciamento do crédito hipotecário, especialmente utilizando de modo prudente os fundos públicos, a fim de reduzir o risco de que o crescente número de embargos cause uma baixa ainda maior nos preços imobiliários", explicou.

Além disso, o FMI espera também uma melhora na regulamentação do mercado hipotecário, com o aumento, por exemplo, da proteção dos consumidores perante os empréstimos abusivos, e classifica de "convenientemente ambicioso" o vasto plano de reforma da regulamentação financeira apresentado pelo departamento do Tesouro americano.

O dólar deve continuar forte, apesar de sua queda considerável desde meados de 2007, em relação às principais divisas, concluiu o FMI.

Fonte: AFP