Javier Aranda, Diretor da região Europa do Conselho de Promoção Turística do México: “Temos que dinamizar a conectividade aérea”

23 de Outubro de 2014 2:32pm
claudia
Javier Aranda, Diretor da região Europa do Conselho de Promoção Turística do México: “Temos que dinamizar a conectividade aérea”

Durante a recente edição de Leisure, conversamos com Javier Aranda, Diretor da região Europa do Conselho de Promoção Turística do México quem ofereceu-nos suas considerações sobre o desenvolvimento do turismo russo em seu país e compartilhou seus critérios sobre os serviços de gastronomia que se oferecem no México.

Há dois temas muito importantes que devemos tratar. O primeiro é o México como um destino aberto que em cinco anos tem atingido uma liderança na Rússia como emissor. Pode-nos dar suas referências, dados desta feira e emissão com os operadores mais importantes para o México?

-Desde 2009 – 2010, quando se começaram as operações diretas desde Moscou para o México, foi quando realmente detonou a atividade com continuidade. Naquele tempo recebíamos no México ao redor de 5 mil turistas russos e já no fechamento do ano 2013 se chegou a 107 mil turistas russos visitando o país. As operações são basicamente através do aeroporto de Cancún, em Quintana Roo; no entanto, por outras vias, por voos de conexão em Europa e desde os Estados Unidos, também estamos a receber turismo russo em lugares como a Cidade do México, a costa do Pacífico ou Porto Vallarta, Nayarit, a zona dos Cabos onde também vemos que o turista russo já se aventura para outros destinos para além da costa de Quintana Roo.

Isto nos permitiu também que eles se voltem promotores do México e difundam que, além de nossas belas praias em Quintana Roo, pois contamos com outros atrativos muito interessantes que identificam muito bem como parte complementar da atividade de descanso em praia, como são a cultura, a tradição, gastronomia; e pouco a pouco temos gerar um interesse maior em outros destinos dentro de nosso país.

Poderiam determinar os russos que voam ao DF? Quantos são e por que linhas aéreas voam?

-Muitos deles o fazem através de Iberia, no caso da Espanha, outro tanto o faz através de British, por Londres, e em alguns casos com Air France desde Paris. Estou a falar-te de que são ao redor de uns 15 mil turistas russos que se detectaram fazendo a entrada via Cidade do México, além dos voos diretos que temos.

Os que voam desde Cidade do México fazem excursões a estados próximos como podem ser Povoa ou visitam o estado do México também diretamente?  
      
-Normalmente fazem uma visita à Cidade do México e seus arredores e daí movem-se a outros lugares dentro de seus circuitos. De fato, vemos como estados como Povoa, que está presente na feira e também nos acompanhou em março à MITT, pouco a pouco também vai posicionando seus produtos neste mercado e essa é a ideia: ir consolidando a presença do México, consolidando a diversidade dos diferentes produtos que temos no país.

Como bem diz você, este comportamento é muito normal quando fazes uma viagem de longa distância, de tratar de aproveitar o lugar a onde chegas para conhecer mais e, se há algum interesse além de se mover dentro do país, pois fazem esse percurso depois.

A estadia média está entre dez e quinze dias?

-É sim.
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E derrama-a por turista russo?

-Estamos a falar, em média geral, para perto de 1.800 euros por pessoa.

Notou-se a diferença do crescimento global de quando era somente turismo FIT independentes ao de grupo?

-Sim. Obviamente, no momento em que se move mais para grupo há uma diferença e nós sabíamos que isto ocorreria assim pelo volume. Felizmente também se deram conta de que temos infraestrutura e serviços de primeiríssimo nível. Também estamos a aproveitar que muitos dos turistas estão a chegar a hotéis de grande categoria, estão a fazer consumo em compras, em restaurantes, em excursões numa faixa maior que o turista médio que faz uma visita ao México em longa distância.
    
O turista que viaja para os Cabos, a Porto Vallarta ou a Nayarit, que imagino são os três estados que visitam, também vão a Guadalajara? Como chegam até lá?

-São os menos, mas há alguns que visitam Guadalajara mais bem em circuitos que vão pelas diferentes cidades coloniais mais que os que vão diretamente a costa.

Os que vão, vão a praia bem em Nayarit ou Vallarta. Notou-se diferença entre a qualidade dos hotéis de ambos os destinos pelo turismo russo ou outros turismos nestes momentos?

-Não, porque encontramos muitas correntes iguais, que têm presença em ambas as costas, encontramos que são mais ou menos as mesmas categorias que estão a mover hoje a diversidade, a amplitude da oferta no México. Isto permite que possam fazer essa espécie de combos e que mais ou menos estejam na mesma categoria num ou outro destino. Eu diria que a única diferença está no caso dos cabos onde si temos alguma infraestrutura que tem um nível diferente e que já o traz muito bem identificado o turista russo. Muitos deles fazem sua chegada mais bem via os Estados Unidos, em vez da Cidade do México.

O multi-destino que podem fazer dentro do México também o fazem fora. O russo que voa aos Estados Unidos, imagino que será à costa oeste desse país, voa também às Vegas, Los Angeles.
 
Ou o faz através de cidades como Dallas, Houston, tudo depende das conectividades. Desde Nova Iorque também encontramos que fazem conexões.

Que acha que lhe falta ao México neste momento para penetrar maiormente no mercado russo?

-Temos que dinamizar a conectividade aérea independentemente das conexões que podemos ter através de Europa ou desde os Estados Unidos. Temos que dinamizar a conectividade direta, vemos perfeitamente como se volta chave uma vez que tens essa conectividade porque é bem mais fácil para todo mundo, bem mais prático o acesso.

Nesse sentido temos que seguir insistindo com os diferentes sócios comerciais e as linhas aéreas locais para que possamos fazer ainda um melhor trabalho em poder manter mais perto, mais unidos os dois países.

AeroMéxico não está a fazer nenhum esforço por chegar a estes mercados com investimentos novos para poder melhorar essa conectividade?

-Neste momento está a fazer as interconexões através dos voos que tem em Europa, tanto em Londres como em Paris como em Madri. Não está ainda na aventura de voar até Moscou. Concentrou-se um pouco nestes três lugares em Europa, para Ásia e América do Sul, que é onde se está a marcar. No entanto, temos que estar muito atentos ao que aconteça nos próximos meses porque AeroMéxico ainda está a receber parte da equipa que adquiriu desde o ano passado e, conforme estão a receber estas equipas, estão também dinamizando suas rotas de voo.

A Quinta Liberdade que não se concede às companhias aéreas internacionais seria um dos elementos que poderia dinamizar também essa ação. Vai mudar a política governamental com respeito a isto?

-Está a se analisar. Esse sempre é um ponto onde todo mundo espera que tenha modificações. O governo do México está muito interessado em que a análise que se realize seja no maior benefício para a atividade turística, mas sem que se deixe de pensar também nas linhas aéreas mexicanas.

Há investimentos de grupos hoteleiros espanhóis em alguns estados do México?

-Sim. A última que se concretou mal no passado mês de junho durante a visita que fizesse o presidente do México à Espanha, foi a confirmação do investimento para um novo hotel na zona de Huatulco que estará a operar Meliá.

As Academias de Gastronomia dos diferentes países do mundo apoiam à cada país. O México tem sua própria Academia há mais de 30 anos. A existência desta academia no México tem suposto uma melhora ou uma garantia da qualidade e do serviço e classificação?

-Seguramente sim. Tanto é de modo que a cada dia há um maior reconhecimento aos serviços de gastronomia que se oferecem no México. Tão só na passada lista que apresentam de 50 melhores restaurantes de América Latina, o México conta com 10 deles. Entre os primeiros 50 do mundo há três restaurantes mexicanos.

Isto tem que vir obviamente respaldado pela própria Academia que tem vindo fazendo um trabalho muito sério, não só no México, o faz em toda a região, em Europa, e seguramente incide em que beneficie o labor da gastronomia mexicana.

Como confirmação dizer-lhe-ia que no ano 1978 na lista dos 50 melhores restaurantes do mundo não tinha nenhum restaurante de Ibero-américa, nenhum. Desde a entrada de Rafael Ansón como presidente da Academia Internacional de Gastronomia, e até nossos dias, agora mesmo há 14 restaurantes que falam espanhol dentro dos 50 melhores restaurantes do mundo. Acho que esse é um sintoma inigualável.

Estou seguro de que assim é.

O desaparecimento do operador South Cross e estes quatro operadores que têm desaparecido nestes meses tem afetado ao México ou pode lhe afetar?

-No caso de South Cross é o que realmente detona as operações diretas para o México, como dizia eu, no inverno de 2009 – 2010 e obviamente o que tenha um jogador menos dos que trabalhavam forte com o México sempre vai ter certa afetação, mas também sabemos que os diferentes mercados sempre terminam por se acomodar e o que não mova um acabará movendo-o outro.

Este não é o único país que tem tido este tipo de situações na história do labor turístico. Nós vemos como ainda hoje em dia mercados tão bem consolidados como é o caso do mercado espanhol para o México também tem tido uma reestrutura em sua indústria de viagens. Podemos dizer que no ano passado quase ficou, mas ainda vemos neste ano que segue tendo ajuste.

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