José Napoléon Duarte Durán, ministro do Turismo, El Salvador

07 de Dezembro de 2009 1:53pm
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Novos mercados, parcerias entre os setores público e privado, geração de empregos e desenvolvimento local e humano a partir do talento das pessoas e das riquezas paisagísticas são alguns objetivos do novo ministro do Turismo salvadorenho.

A CATM, feira de promoção da América Central para o mercado europeu, foi o primeiro evento em que o senhor participou diretamente. Quais os resultados da feira?

A CATM foi um espaço para o encontro dos ministros da região que começamos quase todos recentemente no cargo. É uma plataforma inicial para a decolagem do turismo em El Salvador. Vamos investir nessa plataforma para a conquista do turismo europeu e latino-americano que não vai ao nosso país atualmente. Na mira, mercados como Espanha, Reino Unido, Brasil, Itália, Alemanha, República Tcheca...

Depois de 100 dias de governo temos estabelecido algumas prioridades como o desenvolvimento local. Em julho de 2009 lançamos o projeto "Povos Vivos" que é uma nova versão de turismo interno a partir da redistribuição da riqueza.

É um turismo pensado apenas para os salvadorenhos ou também para o turismo exterior?

Estamos pensando por exemplo em ecoturismo, turismo de aventura e montanhismo. Queremos motivar os pequenos, médios e grandes empresários para que utilizem ou invistam nas plantações de café, que são um orgulho nacional e que têm paisagens belíssimas.

Nos próximos anos gostaríamos de vincular esse desenvolvimento doméstico ao desenvolvimento do turismo internacional. A ideia é a combinação do sol e praia com a Rota dos Vulcões, e a partir disso o desenvolvimento de polos turísticos que atraiam o turismo internacional.

Isso seria uma espécie de agroturismo como em Porto Rico?

Isso seria uma mistura de agroturismo e ecoturismo. O salvadorenho é uma pessoa muito amável que oferece feijão, queijo e café às pessoas que chegam às comunidades e queremos aproveitar isso no programa "Amigos do Turista" ligado ao "Povos Vivos"

Esse programa vai revalorizar a nossa cultura. Por exemplo, Santa Letícia é um local com uma história milenar das cultura lenca e nahuatl. Ali há hoje um hotel de muito sucesso ligado ao ecoturismo com opções de aventura e uma excelente gastronomia local e internacional. Outros investimentos estão na Rota das Flores e na Rota das Laranjeiras.

Há empresários com investimentos menores de 10 milhões de dólares que querem resgatar locais belíssimos de El Salvador. Por exemplo, no golfo de Fonseca, que é partilhado por Honduras, Nicarágua e El Salvador, a zona salvadorenha é paradisíaca e já temos propostas para o desenvolvimento dessa zona.

Ali temos montanhas e vulcões com florestas e animais tropicais, mas também temos praias a 15 ou 20 minutos. Queremos construir a infra-estrutura que permita o desfrute da riqueza turística daqui a 20 ou 30 anos.

A tendência do seu governo é muito mais socializadora. Quer isso dizer que vão dar maior participação ao povo e aos pequenos empresários e comunidades?

Eu como ministro tenho quatro desafios: a construção de uma política de Estado de longo prazo no setor do turismo; o desenho de prioridades para os mais desfavorecidos; a geração de novos empregos e a atração de investimentos ao país.

A estratégia é a seguinte: unir o povo, trabalhar para a satisfação das nossas necessidades, favorecer o desenvolvimento humano. Estamos em momentos de crise e é necessário saber lidar com ela. Não é só pensar como governo mas como Estado e para isso é preciso tolerância, compreensão, diagnóstico, conhecimento dos problemas, e é a partir daí que trabalhamos.

No governo anterior não havia relações muito estreitas com o setor privado. A nossa lógica é diferente. Não queremos fazer os negócios, mas criar as condições para que sejam feitos pelo setor privado.

Estamos convidando a Câmara de Turismo de El Salvador para que trabalhe na criação de oportunidades para as pymes.

Por outro lado estamos estimulando os municípios para que apresentem suas ofertas turísticas em parceria com o setor privado; estamos criando condições para o acesso ao crédito das pymes, mas também para o acesso à capacitação.

Há escolas gastronômicas ou cursos em universidades?

Há 6 ou 7 universidades com cursos de turismo; programas com o governo do México e recentemente um projeto de formação como governo espanhol. Também temos o programa "O Cozinheiro Impressionante" para a capacitação dos chefs.

Outro dos nossos projetos é a renovação do conceito de parques. Temos cerca de 20 parques e 14 são manejados pelo Instituto Salvadorenho de Turismo (ISTU). Há outro projeto que é o Hotel da Montanha, em Cerro Verde, onde há oportunidades para o desenvolvimento do rafting e do canopy. Ali há dois vulcões e um lago. Estamos procurando investidores para o desenvolvimento desse projeto.

Quanto tempo é necessário para o desenvolvimento desses projetos?

O período de governo é de cinco anos, mas devemos pensar nos próximos 20 anos. Eu falei de projetos de curto, médio e longo prazo. Há projetos de curto prazo, de 1 a 5 milhões de dólares que seriam desenvolvidos pelo setor privado.

Vão promover o investimento estrangeiro direto?

Vamos. A Lei de Turismo estabelece incentivos importantes para o investimento estrangeiro, mas primeiramente devemos identificar os polos de desenvolvimento.

Manteriam as estratégias que avançam na América Central e no Caribe para que a indústria de cruzeiros não prejudique as costas e o turismo em terra?

Cada país tem sua experiência, algumas melhores que outras. No próximo Conselho Centro-americano de Turismo queremos propor uma Rota do Pacífico de maneira que os navios de cruzeiro façam escalas em diferentes países da região. É uma ideia de todos os ministros.

O senhor fala da América Central como grupo e El Salvador acaba de entrar na CATA. O que é que esperam dessa entidade?

A CATA é a agência de promoção da América Central na Europa, principalmente na Espanha que é um mercado muito importante para a gente. Há problemas de promoção, de assistência técnica, de profissionalismo e a CATA tem esses desafios. Esperamos que contribua para que o nosso plano estratégico possa avançar nos próximos dois anos.

A promoção na Espanha vai ser através da CATA ou vai ser independente?

Devemos trabalhar em conjunto porque há aspectos em que a CATA tem muita experiência. Um tema importante no caso da Espanha é a conectividade e nesse sentido temos que trabalhar com as companhias aéreas.

Como vão trabalhar o mercado europeu sem descuidar o mercado norte-americano que é tão importante para El Salvador?

O orçamento aprovado pela Assembleia Legislativa para 2010 é menor que o do ano passado, de modo que vamos ter menos dinheiro e devemos colocá-lo onde possa render mais. Queremos manter os nossos mercados naturais dos Estados Unidos e da América Central e aproveitar a conectividade com a América do Sul através da TACA.

Para El Salvador, os mercados europeus são emergentes. Por enquanto vamos nos concentrar no Reino Unido e na Espanha.

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