Juan Alfonso Carmona del Solar, embaixador da International Gay and Lesbian Travel Association (IGLTA) na Espanha

Criada em 1983 na Flórida, nos Estados Unidos, a International Gay and Lesbian Travel Association (IGLTA) teve no começo 25 membros, entre agentes de viagens e alojamentos voltados para o setor LGBT. Atualmente tem mais de 2.200 associados em 83 países dos seis continentes, e suas perspectivas de desenvolvimento continuarão crescendo, sublinhou o embaixador desta associação na Espanha.
Quais elementos têm sido determinantes para esta evolução em um segmento turístico que não estava “normalizado” na sociedade?
Em primeiro lugar tem incidido a mesma normalização e o respeito da sociedade por este segmento da população. Em segundo lugar, tem sido favorecida pelo fato das empresas turísticas terem detectado que este é um segmento de mercado com bons recursos e maior tempo de ocupação, são pessoas com poucas obrigações familiares, por isso têm mais tempo e mais recursos para o lazer.
Quais são os mitos e verdades sobre este segmento?
O mito principal é pensar que todos os gays são milionários. Neste segmento há pessoas com muito poder aquisitivo, mas também há outras que têm que trabalhar muito para fazer viagens; mas a disponibilidade de seu tempo é maior.
Contudo, há uma percentagem alta que pode viajar com frequência…
É mesmo, e não só isso. Uma pesquisa recente nos Estados Unidos sobre a primeira compra quando acabar a crise econômica, mostrou que 33% fariam uma grande viagem, e mais de 15% comprariam um carro.
Pensa que com esta “normalização” o turismo gay será igual ao turismo geral?
Atualmente, nos Estados Unidos, o país mais avançado na normalização deste segmento, 61% prefere viajar em grupos mistos mais que em grupos exclusivos de LGBT. Porém, é preciso cuidar a qualidade dos serviços para este segmento, porque tem a tendência de voltar ao lugar onde foi bem atendido.
Quais são atualmente os destinos principais na América e no mundo?
Estão os típicos da Europa, como a Alemanha e a Holanda; na América está o Brasil e a Argentina, e os Estados Unidos, com cidades como São Francisco, Nova York e o estado da Flórida.
Na Espanha vemos agora mais cidades, além de Barcelona…
É verdade. Cidades como Granada ou Madri estão se destacando neste setor com muitas iniciativas, o que está incentivando outras regiões.
E o Caribe?
Penso que neste momento o Caribe tem virado boom e o turista gay procura uma coisa menos generalizada e mais pessoal.
Em geral, penso que há países e regiões nas quais ainda é preciso trabalhar. Contudo, o fato da IFEMA e a FITUR terem concebido este ano um espaço para LGBT abre novos horizontes para potenciar o desenvolvimento do turismo neste setor, e por tanto de consolidar novos negócios.