Liz Cramer, ministra do Turismo do Paraguai

O Paraguai é um destino emergente com um Plano Diretor Nacional de Desenvolvimento do setor. Acerca do Plano, do posicionamento do Paraguai no turismo regional e mundial, dos seus pontos altos e carências a Caribbean News Digital conversou com a Ministra, que expõe os detalhes das estratégias turísticas do país.

Depois da mudança de governo e da reorientação da projeção internacional do país, qual o enfoque do desenvolvimento turístico do Paraguai?

O Paraguai já tinha lançado o Plano Diretor Nacional de Desenvolvimento Turístico durante o governo anterior com forte participação dos setores público e privado e uma visão do turismo como setor econômico de alto impacto social e ambiental. O Plano avalia o potencial real do destino, sua projeção e estabelece um programa visando a competitividade.

Pessoalmente, participei na sua concepção desde o início e após a minha reconfirmação como ministra tenho a responsabilidade da sua execução. Assim, começamos este novo período com um programa para o desenvolvimento turístico.

Quais as metas de desenvolvimento turístico e de expansão de mercados do Paraguai? A senhora poderia falar dos atrativos mais relevantes do país para isso?

As metas quantitativas são passar de 415.700 turistas por ano atualmente para um milhão em 2018; de 102 milhões de dólares em receitas para 500 milhões e de um gasto médio atual de 209 dólares por visitante para 640 no mesmo período.

As nossas oportunidades reais de competitividade estão no turismo de Natureza, Cultura e Eventos. A nossa principal prioridade quanto a mercados são o Brasil, Argentina e Chile; em segundo lugar Alemanha e Espanha, seguidas do Japão e dos EUA.

O Paraguai é um destino cultural por ser berço e eixo das Missões Jesuíticas - tombadas pela Unesco -, com uma natureza impressionante e uma forte identidade marcada pela língua e a cultura guarani.

Já do ponto de vista da Natureza temos uma biodiversidade de grande riqueza, com 5 ecossistemas diferentes num território bastante pequeno que concentra mais de 700 espécies de pássaros - cerca de 5% das espécies do mundo.

Outra modalidade de turismo está ligada à água doce. Na região oriental temos rios, lagos e quedas d'água de dimensões impressionantes além de termos uma das maiores reservas mundiais de água doce: o Aqüífero Guarani. Nesse sentido temos um grande potencial para o desenvolvimento do turismo de aventura, do ecoturismo e do turismo rural.

Por outro lado, na cidade Assunção - eqüidistante das maiores cidades da região - temos uma grande oferta de eventos.

O país tem políticas de integração turística com os países vizinhos?

Lógico. O Plano tem em conta a nossa localização, perto de dois grandes mercados como a Argentina e Brasil que são ao mesmo tempo dois destinos mais maduros no mercado internacional. No início, para mercados de longa distância, colocamos o Paraguai como extensão desses destinos, principalmente do ícone que são as Cataratas de Foz do Iguaçu ou a represa de Itaipu, no mesmo pólo turístico, que compartilhamos com o nosso vizinho. Além disso, há esforços de integração turística no Mercosul, embora haja também desafios fronteiriços. A Feira Internacional de Turismo (Fitpar) é uma oportunidade para o reforço dessa visão regional e para o posicionamento dos roteiros turísticos integrados, como Iguaçu-Missões.

Quais os principais propósitos da Secretaria de Turismo visando os mercados internacionais?

O apoio para o investimento em marketing nos mercados-meta mencionados, mudando o criando a imagem do Paraguai.

Quais as principais carências para o desenvolvimento do turismo no Paraguai?

As conexões aéreas com mercados emissores importantes, investimento público em infra-estrutura básica e investimento privado em estabelecimentos turísticos, sem esquecer o investimento em marketing.

Como imagina o destino paraguaio no futuro a partir das políticas de desenvolvimento turístico atuais?

Imagino a sociedade paraguaia usufruindo dos benefícios do turismo sustentável como um dos pilares econômicos principais. Imagino mais empregos a partir de novos investimentos e maior desenvolvimento humano dos paraguaios a partir da contribuição do turismo.