O turismo gay triunfa em Espanha

19 de Outubro de 2015 7:34pm
claudia
O turismo gay triunfa em Espanha

Espanhaé o terceiro destino do mundo por número de turistas internacionais e é também um dos enclaves preferidos pelo coletivo LGBT. Capta quase a quinta parte do negócio turístico gay na União Europeia, que contribui a cada ano mais de 6.000 milhões de euros à economia espanhola, o 0,48% do Produto interno bruto (PIB), segundo um recente relatório de LGBT Capital, consultora especializada neste grupo.

A comunidade LGBT (lesbianas, gays, bissexuais e transexuais) move mais de 10% dos viajantes que se deslocam pelo mundo e é responsável a mais de 15% da despesa turística total. Este coletivo representa o 6,5% da população do planeta e dispõe de um elevado poder aquisitivo, segundo Capital LGBT, o que contribui a que suas deslocações cresçam a um ritmo superior ao 10% anual em frente ao 4,8% do turismo geral, segundo dados do World Travel & Tourism Council (WTTC) e a Organização Mundial de Turismo (OMT).

Estados Unidos é o primeiro destino mundial para os viajantes gay, mas em Europa, Espanha situa-se em primeira posição com respeito aos rendimentos que estes geram, por adiante de França –primeiro destino mundial para os turistas internacionais a nível geral-, Itália ou o Reino Unido.

Que vantagens tem Espanha?

Espanhaé o terceiro destino do mundo para os viajantes estrangeiros, obrigado principalmente a seu produto de sol e praia. Mas, que atrativo específico tem para o turismo LGBT? Uma das primeiras razões está na normalização. Em 2005, convertia-se no terceiro país do mundo, após Bélgica e Holanda, em aprovar o casal entre pessoas do mesmo sexo, o que melhorava seu aprecio e valoração por parte deste coletivo, que procura espaços de liberdade e normalidade.

Esta é uma das principais vantagens que tem nosso país, segundo apontam desde Ragap, um grupo de empresas com sede em Torremolinos e especializado no público gay, que oferece reservas em mais de 5.700 hotéis gayfriendly e outros serviços turísticos em mais de 6.000 empresas. Beatriz Rodríguez, executiva da companhia, afirma que “somos um dos países do mundo que mais aposta pela comunidade LGBT quanto à legislação se refere”. E acrescenta que “a este turista o que mais lhe interessa é que tenha liberdade, absoluta normalidade e que possam se deslocar sem ter que se esconder”. Destaca que, neste sentido, “Espanha é um país ponteiro e está contagiando a outros países de Europa”.

Normalização e oferta

Para Juan Carlos Alonso, secretário geral de AEGAL, a Associação de Empresários e Profissionais para LGBT da Comunidade de Madri e organizadora de Madri Orgulho, a grande vantagem de nosso país é que oferece “uma combinação perfeita de uns altos níveis de tolerância e normalização, que são fundamentais, com uma ampla oferta específica para este coletivo”. Segundo as pesquisas que maneja esta organização, o 86% dos espanhóis vê com toda a normalidade a cultura e a vida LGBT, só por trás de Holanda, onde se atinge o 87%.

Grandes celebrações

Também os grandes eventos têm contribuído a promover a imagem da Espanha como destino para gays e lesbianas. A celebração de Madri Orgulho, o evento deste tipo maior de Europa e segundo do mundo, que tem lugar nos primeiros dias de julho, atrai a cada ano a mais de 200.000 visitantes estrangeiros e as diferentes atividades que inclui sumam mais de 1,5 milhões de assistentes. Calcula-se que o impacto económico para a cidade supera os 120 milhões de euros. A estadia média é de 3,7 dias para os estrangeiros e de 3,75 para os nacionais de outras cidades -só nas cinco jornadas principais das 10 que ocupa-.

Como mostra do interesse que acorda esta cidade, a Associação Internacional para o Turismo de Gays e Lesbianas (IGLTA pelas suas siglas em inglês) celebrou em maio a edição número 31 de sua Convenção Mundial de Turismo LGBT na capital de Espanha, a primeira vez que se celebrava em nosso país. Ademais, Madri será também a sede do dia do orgulho mundial em 2017, o World Pride, o maior evento da LGBT do planeta. Celebra-se a cada cinco anos desde 2000 e é a quinta cidade do mundo que o vai albergar, depois de vencer às candidaturas de Berlim e Sidney.

Juan Carlos Alonso, que preside o comité organizador deste evento, explica que desde o 22 de junho ao 2 de julho terá numerosas atividades e celebrações, mas as atividades associadas ao evento começarão em vários meses dantes, o que dinamizará a chegada de visitantes. Ademais, calcula-se que este acontecimento chegará a uma audiência de 25 milhões de pessoas em todo mundo.

Festivais

Assim mesmo, Barcelona organiza desde faz cinco anos o Circuit Festival, o maior festival de Europa destinado ao público homossexual e um dos mais multitudinários do mundo. Em sua última edição, celebrada em agosto, concentrou a para perto de 71.000 pessoas durante doze dias. O 79% dos assistentes procediam de outros países (o 42% europeus e o 37% de outros continentes). Seu impacto económico tem-se criptografado em 150 milhões de euros.

Com o desejo de captar um maior número de turistas gay, outras cidades uniram-se a esta tendência. Ibiza celebrou neste ano seu primeiro Pride, em julho, e em setembro teve lugar o Benidorm Pride por quinto ano consecutivo, que reuniu a umas 10.000 pessoas nos eventos programados durante uma semana. Segundo o secretário geral de AEGAL, “Espanha é o país que tem mais destinos LGBT reconhecidos a nível mundial”, tais como como Madri, Barcelona, Ibiza, Maspalomas, Benidorm,Sitges ou *Torremolinos.

Perfil do turista

O turismo gay é um dos segmentos que mais rendimentos gera no mundo, devido a seu alto nível de despesa e rentabilidade. Converteu-se assim num dos clientes mais cobiçados pelos destinos. “O consumidor LGBT tem um alto poder aquisitivo e suas viagens são mais frequentes e mais longos pelo que seu impacto no sector turístico é ainda maior, afirma Paul Thomson, fundador de LGBT Capital. Segundo recolhe o relatório desta consultora, calcula-se que estes viajantes contribuem para perto de 640.000 milhões de euros ao PIB mundial tendo em conta os efeitos diretos e indiretos, e a mais de 190.000 milhões se só se valorizam os diretos.

“Parece claro que converter num país abertamente LGBT ou onde este coletivo esteja plenamente aceitado pode aumentar significativamente os rendimentos de um país por turismo”, acrescenta o estudo. Os turistas homossexuais, segundo estimativas do Governo espanhol, gastam ao redor de 30% mais em media que o resto dos visitantes que chegam a nosso país, o que tem levado às Administrações a apoiar as campanhas para favorecer este tipo de viagens.

Presença nas grandes feiras

Tendo em conta a importância crescente deste coletivo no sector, a cada vez mais as grandes feiras internacionais de turismo dedicam um espaço específico a este coletivo, como a ITB de Berlim e Fitur –que o leva fazendo cinco anos-. No entanto, a *WTM de Londres ainda não tem uma secção especial para os negócios gayfriendly.

As empresas especializadas neste público costumam localizar-se nos stands de seus respectivos países ou comunidades autónomas, como lhe sucede ao grupo Ragap dantes mencionado. Desde que apresentou-se oficialmente em 2013, em Fitur, tem participado nas mostras de Berlim e Londres, neste último caso apresenta sua oferta no pavilhão de Andaluzia.

(Fonte: Hosteltur)

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