Uruguai: as atrações de um destino em terra de encontro de culturas

Sob a marca “Uruguai natural”, o país sul-americano promove um produto turístico diverso que inclui sol e praia, turismo de congressos e turismo rural ou termas. O nosso entrevistado destaca a diversidade cultural e a gastronomia como alguns dos pilares turísticos do Uruguai, que olha com interesse para o mercado da Rússia.
Quais considera o senhor serem as características que fazem com que o Uruguai seja um destino especial?
-O Uruguai tem praias e balneários reconhecidos internacionalmente, como Punta del Este, mas tem também cidades históricas, festas tradicionais... São áreas em desenvolvimento. A oferta turística inclui sol e praia (com destaque para a costa oceânica), termas, turismo esportivo (surfe, golfe e pesca), reuniões e congressos, espaços naturais para o turismo de aventura e ecoturismo, e turismo rural.
O patrimônio edilício, o transporte, o atendimento médico e os serviços de hotelaria em locais históricos como a Colonia del Sacramento (Patrimônio da Humanidade da Unesco) formam uma oferta turística variada sintetizada na marca país “Uruguai Natural”.
Outros elementos que contribuem para que o país seja atrativo para o turismo internacional são as distâncias curtas, uma excelente rede rodoviária e uma povoação amável, com alto nível de instrução.
O turista russo tem características especiais. Por um lado está começando a viajar -principalmente com pacotes all-inclusive- é um turista culto e seu gasto está bem acima da média. Quais os destinos que o Uruguai oferece para esse mercado? Qual sua proposta para o turista russo?
-O Uruguai é um país de encontro de cultura no qual coexistem diversas expressões artísticas das comunidades de imigrantes que chegaram ao país na primeira metade do século XIX e no início do século XX. Esses imigrantes eram principalmente europeus, de origem hispânica, italiana ou francesa, mas também há uma comunidade russa em San Javier que há aproximadamente cem anos que está na nossa terra.
Essa culturas dos imigrantes convergiram com tradições associadas aos gaúchos ou à comunidade afrodescendente que, com sua música, contribuiu para a formação do candombe e para conformação de uma boa parte da identidade nacional. Temos ainda o tango, expressão típica do Rio da Prata que partilham os povos argentino e uruguaio.
Por outro lado temos uma tradição de expressões culturais mais clássicas como a ópera e o balé do SODRE, sob a direção do maestro Julio Boca, que têm como palcos privilegiados por seu valor patrimonial e arquitetônico o Teatro Solís e o Auditório do SODRE.
Há campanhas promocionais para o mercado russo?
-O Ministério do Turismo está avaliando a participação em alguma das feiras especializadas do setor. A nossa ideia é a promoção dos produtos turísticos através da nossa marca “Uruguai natural”, em conjunto com o Instituto Nacional da Carne (INAC) ou com o INAVI (Instituto Nacional do Vinho). Já tivemos uma experiência semelhante na Exposição Universal de Changai 2010 na qual participamos com um estande nacional.
O Uruguai é um país com uma gastronomia excelente. Tem oferta especializada nesse sentido?
-A gastronomia ocupa um lugar central na identidade dos povos. O Uruguai é um grande produtor de alimentos com variedade e qualidade. A carne de vaca é típica da gastronomia nacional e entra na elaboração de pratos diversos.
O país tem feito grandes esforços na vinicultura que hoje mostra diversos reconhecimentos internacionais, principalmente os prêmios outorgados à cepa nacional Tanat. Outros dos nossos produtos de excelência são o azeite do oliva, os queijos de cabra e o caviar, no âmbito de uma proposta mais ampla de qualidade de vida associada ao Uruguai Natural.
A oferta gastronômica tem aumentado, principalmente na capital do país, por sua variedade, com pratos da cozinha popular e gourmet que se encontram no Catálogo Gastronômico de Montevidéu, sob os auspícios do nosso Ministério.
A Argentina e o Uruguai têm referencias culturais comuns como o tango, a gastronomia ou o futebol. Ambos os países estão à beira do Rio da Prata, uma região fundamental para o turismo. Como é a atividade das empresas dos dois países na zona? Há concorrência ou cooperação entre elas?
-No turismo regional a Argentina tem um grande peso em termos quantitativos e qualitativos. Muitos argentinos têm sua segunda residência em Punta del Este e constituem o motor do turismo de sol e praia. A presença deles é também importante no litoral do rio Uruguai, principalmente na zona termal.
A cidade Colonia del Sacramento é uma porta de entrada natural para quem vem de Buenos Aires, a 50 km, cruzando o Rio da Prata. É um exemplo de complementariedade dos destinos turísticos, pois é comum a entrada de turistas internacionais vindos da Argentina.
Exatamente no final do lado uruguaio está o destino mais popular do Uruguai: Punta del Este. Quais as perspetivas do destino. Há programas concebidos para o turismo russo?
-Trata-se de um destino fascinante pela sua natureza e pela qualidade dos serviços, e com certeza o turista russo não escapará ao seu encanto e glamour.
A criação do Centro de Convenções de Punta del Este está na etapa de licitação -há 24 empresas internacionais interessadas- e isso deve potencializar o destino.
É importante o conhecimento da língua russa e sua cultura. Há acordos voltados para o turismo nesse sentido?
-Seria muito bom termos um acordo com os nossos parceiros russos. De qualquer maneira há ações muito importantes como a isenção de visto turístico entre ambos os países.
Gostaria de ressaltar a presença de imigrantes russos no Uruguai desde 1913. Eles mantiveram suas tradições, festas e idioma que eles contribuem a difundir. Têm o apoio da embaixada da Rússia. No nosso país comemora-se o Dia Mundial do Idioma Russo na escola “Federação Russa”, em Montevidéu; o Dia da Vitória da Grande Guerra Pátria e recentemente os 50 anos do voo de Gagarin ao cosmos .
Recentemente o Uruguai lançou a Rota do Arroz. O que pode comentar sobre isso? Tem outras?
-A Rota do Arroz une as capitais departamentais de Rocha e Treinta y Tres, e permite o contato com uma zona agroexportadora e sua gente, com uma gastronomia baseada no arroz na cidade de Vergara e um Centro Interpretativo na cidade de Lascano.
A cidade de Cebollatí, a “capital do arroz”, destaca-se pelos aspectos produtivos e pela biodiversidade com mais de 700 espécies a menos de 15 km de Laguna Merín, limite natural com o Brasil.
No mês de agosto acontece o Festival do Arroz na localidade de Villa Isidoro Noblía, a 45 km da capital de Cerro Largo, com exibição de maquinaria e voos de aviões que lançam arroz. Tem ainda um concurso culinário com receitas doces e salgadas à base desse produto.
O que pode dizer do fluxo e crescimento de turistas russos para o Uruguai?
-Temos um crescimento sustentado desde o ano de 2009, com uma média de 900 turistas russos. Em fevereiro de 2012 registramos mais de 400 turistas, de maneira que esse turismo deve aumentar.
Em 26 de setembro de 2011, em Nova York, foi assinado o tratado para a isenção de vistos. É um passo concreto para a promoção do turismo, que complementa o importante fluxo comercial entre os dois países. A Rússia é o primeiro destino em volume das exportações de carne uruguaia, sem esquecermos as exportações de manteiga, queijos, vinhos e soja, sendo o terceiro fornecedor de petróleo para o Uruguai.
A isenção de visto supões a avaliação de diversos fatores. Quais os temas analisados no caso da Rússia?
-A isenção do visto turístico coloca o nosso país no mesmo nível de outros países latino-americanos como a Argentina, Brasil, Chile, Peru e Venezuela e mostra a vontade de abertura para o mundo e de reforço dos laços históricos com a Federação Russa.
Atualmente, na Rússia, são as companhias aéreas russas que impõem sua lei às operadoras, decidindo os volumes de turistas e a frequência de voos. Qual a situação da conectividade aérea do Uruguai com a Rússia neste momento?
-O Uruguai está melhorando sua conectividade com a região e com o mundo. O porto de Montevidéu, por exemplo, é porto de embarque e desembarque de cruzeiristas.
O turismo de cruzeiros teve um crescimento sustentado em 2011-2012, período no qual chegaram 215 navios a Punta del Este e Montevidéu.
Quanto à conectividade aérea, ainda não temos voos diretos entre Moscou e Montevidéu. Tudo passa por Buenos Aires, São Paulo ou Madri.
Como aproveita o Uruguai sus posição geográfica como porta de entrada para a América do Sul?
-É um grande desafio sermos a capital do Mercosul e de seu parlamento (Parlasul). Há uma conectividade aérea com os países do Mercosul e também com o Chile e Peru.
O porto de Montevidéu emerge como centro logístico regional e é uma porta de entrada para o turismo regional e internacional.