Verónica Sión de Josse, ministra de Turismo do Equador
Os quatro mundos turísticos do Equador e as estratégias governamentais de fomento ao turismo são dois dos temas que a ministra equatoriana explica aos leitores da Caribbean News Digital.
O ano de 2009 vai ser ainda muito difícil a respeito da situação financeira internacional e isso afeta todas as indústrias, incluindo o turismo. Quais as estratégias do Equador nesse sentido?
O ano de 2008 foi bastante positivo no Equador como destino turístico, apesar da situação internacional desfavorável do segundo semestre. O crescimento médio mundial foi de 2%, mas o nosso foi de 7,3%. No segundo semestre a queda na Europa foi de -1% ou -2%, mas principalmente nos meses de setembro e outubro o nosso crescimento foi de 13%.
Isso significou que superássemos o milhão de visitantes, que era uma aspiração bastante antiga. Encerramos o mês de dezembro com 1.013.000 visitantes e falo unicamente das visitas de estrangeiros.
No pior dos cenários, teríamos uma queda de 83 mil chegadas. Uma das nossas estratégias contra a crise é o desenvolvimento de novos destinos nacionais, o que é possível pela grande diversidade que caracteriza o Equador.
Para o governo do Equador a indústria do turismo passou a ser uma das principais apostas produtivas e de investimento. O que é que isso significa?
Isso significa a valorização de uma grande quantidade de atrações turísticas e um grande potencial de desenvolvimento, visto que as chegadas de visitantes estrangeiros constituem 24% do total, enquanto apenas 15% do potencial turístico do Equador é explorado atualmente.
Potencial turístico quer dizer lugares a desenvolver?
São lugares que já estamos desenvolvendo com apoio do governo que reconhece na indústria turística um dos principais mecanismos de desenvolvimento econômico e social no Equador.
No ano passado aprovamos uma nova constituição que reconhece o direito dos equatorianos à recreação, ao ócio, mas também o direito da natureza, ou seja, a natureza tem princípios e direitos constitucionais.
Assim, as política, estratégias e ações impulsionadas pelo Estado equatoriano devem estar baseadas na sustentabilidade de toda a cadeia produtiva.
A senhora disse que estão utilizando 15% do potencial. Isso quer dizer que desenvolvendo mais 15% dobrariam a capacidade do Equador para a captação de turismo?
De fato estamos avançando nesse sentido a partir da identificação de novas atrações turísticas que, com o apoio do governo, devem passar a ser novos produtos turísticos a serem comercializados.
Na última edição da Fitur promovemos três novos roteiros como oferta turística. O Equador é conhecido no mundo pelas ilhas Galápagos, mas as nossas riquezas e diversidade oferecem outras opções nos nossos quatro mundos: as Galápagos, a Amazônia, os Andes e a costa.
No mundo costa temos além do sol e praia a riqueza arqueológica. Trata-se do roteiro do Espóndilus, um caracol cuja conha foi utilizada como moeda pelas culturas pré-incaicas estabelecidas na costa do México ao Chile.
No mundo Andes temos o trem da metade do mundo, uma experiência da qual gostam muito os turistas europeus.
Já na Amazônia a característica principal é a grande diversidade de flora, fauna e nacionalidades.
As Galápagos e a Amazônia estão na segunda fase do concurso das Maravilhas Naturais do Mundo e isso conta para quem gosta do ecoturismo ou do turismo de natureza.
A observação de pássaros é outro segmento de destaque. No Equador podem ser observadas 1600 espécies, 1300 delas na Amazônia.
Mas o Equador não é apenas natureza. Temos opções no segmento MICE que tem muito boa infra-estrutura. Temos dois aeroportos internacionais - em Quito e em Guayaquil -, um centro de convenções e hotéis que por estarem na metade do mundo constituem um ponto de encontro para muitos.
Outra das nossas políticas é a incorporação das comunidades ao turismo como processo de desenvolvimento econômico e social.
Do ponto de vista fiscal temos adotado medidas que melhoram a competitividade do nosso destino, por exemplo a devolução do IVA ao operador e ao próprio visitante estrangeiro.
E quanto aos voos diretos da Europa e dos Estados Unidos?
Temos voos diretos dos Estados Unidos, que é o nosso principal mercado. A Espanha é o nosso principal mercado europeu e tem três companhias com voos diretos e até com frequências diárias.
A partir da coerência entre o desenvolvimento do turismo e a nossa política de respeito aos direitos da natureza, algumas das companhias europeias com voos para o Equador estão incorporando aeronaves de última geração.
Como governo temos facilitado o financiamento para que as companhias domésticas também renovem sua frota até 2010 com aeronaves de última geração.
Qual a política promocional para a Europa e nomeadamente para a Espanha?
O reforço da promoção é uma das nossas políticas. O fundo de promoção turística tem aumentado muito seus recursos financeiros, mas as ações não estarão destinadas unicamente ao trade. Nos últimos três anos o foco foram os operadores, mas a ideia agora é a promoção destinada ao consumidor final para a criação de uma demanda que fortaleça o Equador como destino.
Algumas palavras finais?
Gostaria de dizer que as crises oferecem novas oportunidades e desafios, e nesse sentido estamos apoiando o nosso setor privado através da aplicação de medidas que melhorem a eficiência e a competitividade, mas também temos um plano de desenvolvimento não apenas do turismo mas do Equador como país.
Nossa aspiração é que o turismo, que hoje ocupa a quarta posição nas exportações não petrolíferas, venha a ser a primeira indústria na geração de divisas, substituindo o nosso principal produto de exportação, que provém de uma indústria extrativista.