WTM: ministros do Turismo examinaram impacto da crise
Os ministros do Turismo de mais de cem países, convocados pela Organização Mundial do Turismo (OMT), examinaram nesta terça-feira no World Travel Market de Londres o impacto da crise e as fórmulas para resistir à desaceleração que ameaça o setor, num cenário marcado pela crescente incerteza econômica.
Todos os continentes foram afetados: na região da Ásia e do Pacífico, a queda do turismo foi drástica nos últimos meses; na Europa, o setor sofreu uma redução durante o verão (boreal); e na América Latina, o crescimento registrou uma contração, informou Fiona Jeffrey, que preside o WTM.
Jefrey informou que o crescimento global do turismo para 2008 se situará em torno de 2%, devido a um crescimento excepcional nos primeiros quatro meses do ano, em torno de 5,7%.
Essa cifra caiu para menos de 2% em junho, quando os preços do petróleo dispararam.
Para 2009, a previsão de crescimento da OMT é ainda menor devido a novas falências, licenciamentos e incertezas.
A Organização Mundial de Turismo (OMT) pediu aos Governos que apóiem o setor na atual crise econômica, mas afirmou que a indústria turística não precisa de subsídios, pois possui "capacidade de resistência".
"Está claro que nosso setor vai sofrer", mas "não precisamos de ajuda financeira", declarou o secretário-geral da OMT, Francesco Frangialli, ao final da reunião ministerial desta entidade vinculada à ONU.
Em declarações à Agência Efe após a cúpula, Frangialli admitiu o vácuo do setor por causa da diminuição da confiança dos consumidores: "Quando alguém - disse - paga o dobro pelo custo de sua hipoteca ou teme perder seu emprego, certamente deixa de viajar".
"E isto - prosseguiu o secretário-geral - tem implicações, pois as pequenas e médias empresas necessitam ter acesso a crédito e foram as vítimas da crise de crédito em muitos países".
No entanto, o chefe da OMT afirmou que o turismo não necessita de um "pacote" financeiro de "estímulo", mas especificou que estas empresas requerem facilidades das administrações públicas para o "acesso ao crédito".
Frangialli também destacou a importância de que os Governos mantenham seus "esforços de promoção" turística, pois está convencido de que o turismo "não vai ser um acelerador da crise, mas na verdade um freio".
A este respeito, o subsecretário-geral e porta-voz da OMT, Geoffrey Lipman, disse que o turismo deve estar "entre os setores para os quais deve haver ações de apoio neste período".
"Esta é uma oportunidade para que os Governos usem o setor turístico como veículo especial para gerar empregos e receita por exportações", declarou Lipman, ao destacar que para conseguir este objetivo os países não devem "aumentar a carga fiscal do setor".
Por outro lado, o secretário-geral, cujo mandato expira no próximo ano, disse que a OMT tomou medidas para "diminuir o choque" da crise, como a criação em outubro passado do "Comitê de Reativação do Turismo".
Uma medida similar, afirmou Frangialli, foi adotada após os atentados de 11 de Setembro de 2001 contra os Estados Unidos, que tiveram um impacto muito negativo na indústria turística.
"E começamos - acrescentou o membro da OMT - trabalhos de investigação sobre quais são os subsetores afetados", para conceder a Governos e companhias "o conhecimento em tempo real da situação do mercado para tomar as melhores decisões".
Com relação ao futuro, Frangialli disse que existem dois motivos para a "esperança": os novos mercados emergentes da Ásia, como China, que "vão continuar crescendo", e o comportamento dos consumidores, que, apesar de apertarem o cinto em tempos de crise, "fazem todo o possível para manterem as férias".
A Feira Internacional de Turismo de Londres, que realiza sua 28ª edição, recebe este ano mais de 5.400 expositores de cerca de 200 países e regiões, assim como cerca de 48.000 profissionais do setor que tentarão fazer negócios e contatos até a próxima quinta.