Valcarce: Não podemos esperar sentados a que o vírus decida se ir

08 de Fevereiro de 2022 7:49am
Redação Caribbean News Digital Portugues
Maria Valcarce-FITUR

“Tem sido uma grande feira”, assegura María Valcarce, diretora da Feira Internacional de Turismo de Madri (FITUR), numa entrevista em exclusiva para Tourinews.

A edição de 2022 de FITUR teve lugar entre os dias 19 e 23 de janeiro no recinto ferial IFEMA. Nela participaram 107 países e mais de 110.000 visitantes, entre profissionais e grande público. Segundo a diretora, estas cifras “estão bem mais para perto de a etapa prepandemia que da edição de 2021”.

Ademais, esta edição esteve marcada pela necessidade de dinamizar a indústria turística e demonstrar que existe um “modelo de convivência no que é compatível a actividade ferial com um meio seguro para seus participantes”, aponta Valcarce, ao tempo que destaca a combinação de “vontade, apoio e sorte” que o fez possível.

Com que objectivo se propôs esta edição de FITUR?

Ao igual que todos os anos, o objectivo é contribuir a dinamizar a indústria turística. Dada a situação, neste ano o objectivo da feira cobrava especial importância, já que a indústria tem sofrido pela pandemia e tem a necessidade tremenda de reactivar e recuperar o sector. Ademais, voltávamos a nossa data habitual. De qualquer um jeito, é verdade que ainda estamos em pandemia e tem sido uma edição um pouco diferente pelas medidas de segurança. Mas nosso foco estava centrado em propiciar a recuperação do sector, contribuir à dinamização do negócio e a que descole o turismo e recuperar a actividade. E acho que conseguimo-lo, tem sido uma edição muito boa nesse sentido.

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Fitur 2022

 

Contam já com cifras de assistência e participação?

Sim. Em números redondos, temos recebido mais de 80.000 visitantes profissionais e mais de 30.000 visitantes de grande público. Ademais, 107 países têm estado representados mediante stands e têm participado quase 7.000 empresas. Também temos celebrado nossas sessões monográficas, que estão dedicadas a diferentes segmentos do turismo e também a temas de sustentabilidade, tecnologia e inovação. Nesse sentido, celebramos nossas dez sessões e incorporamos uma nova, FITUR Cruzeiros, junto a um montão de actividades paralelas à feira organizadas por IFEMA e por outros organizadores, como a Conferência Iberoamericana de Ministros e Empresários de Turismo, o Foro de Liderança Turística de Exceltur, eventos da Organização Mundial do Turismo… Tem sido uma grande feira.

Estas cifras, a que edição de FITUR se parecem mais?

Nosso ano recorde foi 2020, que a feira se pôde desenvolver graças a que se celebrava em janeiro, coincidindo com a 40º edição. As cifras deste ano não chegam às de 2020 ainda, mas se vai aproximando e está bem mais para perto de a etapa prepandemia que da edição de 2021, que foi uma edição muito excepcional celebrada em maio durante a pandemia. De modo que vamos-nos acercando à normalidade e esperemos que no 2023 possamos ter uma edição como as de dantes ou inclusive melhor.

Após ver estes resultados, acha que estamos preparados para começar a conviver com o vírus, ao menos, relativo às feiras?

Eu acho que sim, absolutamente, e acho que IFEMA Madrid o demonstrou. Nós temos começado a fazer eventos de diferente natureza e tamanho em março de 2021, segundo tem ido sendo possível. De facto, em maio de 2021 celebrou-se FITUR, o qual foi uma meta, e com a celebração da edição de 2022 temos demonstrado que existe esse modelo de convivência no que é compatível a actividade ferial com um meio seguro para seus participantes. Não podemos esperar sentados a que o vírus decida se marchar porque está a demorar no fazer. Então, como em tantas actividades económicas, temos que lutar por fazer o que queremos e fazer de uma maneira segura.

FITUR é a única feira de Europa, e acho que do mundo, que se celebrou todos os anos desde que começou a pandemia…

Sim, eu acho que sim, ao menos das grandes feiras que todos conhecemos. Não sê se terá alguma mais local que também se tenha celebrado, que eu saiba, não. Nós temos tido uma combinação de vontade, apoio e sorte –já que em 2020 foi dantes do começo da pandemia– e temos podido celebrar as edições de 2020, 2021 e 2022 ininterruptamente. Isto tem sido graças ao apoio do sector turístico internacional e, muito especialmente, do sector turístico espanhol, tanto em sua faceta de destinos como por parte de empresas públicas e privadas. Também o apoio das administrações públicas, tanto por parte do Ministério de Turismo como das autoridades da Comunidade e da Prefeitura de Madri. E, depois, graças à vontade de IFEMA e sua capacidade de fazê-lo possível gerando um espaço seguro.a combinação de vontade, apoio e sorte tem feito possível celebrar as edições de 2020, 021 e 2022 ininterruptamente"

Valcarce-diretora FITUR
Existe um modelo de convivência no que é compatível a actividade ferial com um meio seguro para seus participantes, María Varcarce, diretora de Fitur

 

"A combinação de vontade, apoio e sorte tem feito possível celebrar as edições de 2020, 2021 e 2022 ininterruptamente"

Tendo em conta que o vírus não se marcha, há aspectos a melhorar? Por exemplo, tem tido queixas pelas bichas para aceder ao recinto…

Desde depois. É verdade que essas bichas se produziram só no primeiro dia de feira, mas não deixa de ser importante porque, ao final, há que melhorar aquilo que lhe faça as coisas mais difíceis aos expositores ou visitantes. Também foi algo que sucedeu porque recebemos mais gente da que esperávamos e porque fazíamos um controle muito exhaustivo. Mas, indubitavelmente, teríamos que ter calculado melhor o dispositivo para que fosse mais rápido. Isso o temos anotado para que não volte a passar. Outras coisas a melhorar? Bom, pois seguro que muitíssimas. A cada uma das coisas que fazemos para FITUR é mejorable. Poderíamos fazer novas secções para chegar a rincões onde não chegamos, ir afianzando a cada uma das partes… Nosso objectivo cada ano também é melhorar.

Você tem sido a diretora de FITUR em pandemia. Que valoração pessoal faz disto, se tratou de uma oportunidade?

Eu tive a sorte de ser a diretora de FITUR 2020, porque me nomearam diretora em janeiro de 2019. De modo que vivi o 2020, a edição mais esplendorosa, e depois tenho vivido as duas de pandemia. E tudo há que o ver em termos de oportunidade. Aceitar o que há e o gerir da melhor maneira possível. Então, nesse sentido, acho que temos tido a valentia de seguir adiante e fazer algo que não o fizeram muitas feiras ou praticamente nenhuma. E isso não é um mérito pessoal, sina de muitas pessoas do sector e da equipa de IFEMA que trabalha para FITUR. Ao final, é uma experiência na que o passas mau porque é difícil, mas também se criam muitíssimas coisas boas e te fica a aprendizagem e com que os laços da equipa se reforçam muitíssimo. Mas bom, nunca é fácil porque cada ano, ainda que estejas nas melhores condições, te pões uma meta exigente e, portanto, também lutas e sofres para tratar de melhorar. Sempre há uma dose de esforço, tem que ser assim, e eu estou encantada de estar à frente de FITUR em qualquer uma circunstância. (Fonte: tourinews.es)

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