Crescimento do turismo em Cuba renova expectativas

26 de Março de 2009 1:00pm
godking

O crescimento do turismo em Cuba nos dois primeiros meses de 2009 renova as expectativas sobre o papel de um setor que foi considerado o carro-chefe do desenvolvimento da ilha por seu rápido crescimento e pelos seus efeitos nas demais áreas da economia na década de 90.

A expansão de 5,2% no período assinalado, anunciado pelo ministro do turismo Manuel Marrero, é uma boa notícia para o país que tenta se recuperar da devastação provocada por três furacões em 2008 e em plena crise econômica global cujas consequências ainda não podem ser calculadas com exatidão.

"O turismo poderia ser mais uma vez o carro-chefe se fossem anuladas as restrições de viagens dos norte-americanos a Cuba", afirma o economista Pavel Vidal, em matéria publicada na Economics Press Service, publicação do escritório da IPS em Havana.

Recentemente, o Congresso dos Estados Unidos aprovou que a comunidade cubana visite seus familiares na ilha uma vez por ano, o que deve aumentar o número de voos para Cuba, que caiu cerca de 75% a partir de 2004 por causa das restrições do governo de George W. Bush.

Segundo as estimativas, pelo menos um milhão de turistas provenientes dos Estados Unidos chegariam a Cuba apenas no primeiro ano depois de eliminada a proibição de viagens dos norte-americanos que vigora desde a década de 60 e que faz parte do embargo econômico.

Para o economista Armando Nova, o turismo tem um efeito multiplicador que se manifesta em diversas áreas econômicas.

Nos últimos 15 anos, investimentos na agricultura, na indústria de bens de consumo, de elevadores, de equipamentos de climatização e da construção, entre outros setores, permitiram cobrir 68% da demanda gerada pelo turismo.

Mas, segundo Nova, esse impacto em outras áreas econômicas diminuiu devido à redução dos investimentos, ao recuo do processo de integração da indústria e da agricultura, às dificuldades para a importação de insumos que garantam as produções nacionais e ao encarecimento delas, e à valorização do peso conversível diante de outras divisas.

Para Nova, a liderança de diversas fontes de receitas na economia, ao permitir mais segurança e sustentabilidade, é mais saudável do que um único carro-chefe.

Nos últimos cinco anos, a exportação de serviços profissionais, principalmente os serviços médicos para a Venezuela, gerou US 8,4 bilhões, o triplo das receitas turísticas, mas, para Vidal, "não se pode falar em carro-chefe nesse sentido porque é uma atividade com poucos efeitos multiplicadores nos demais setores".

Para o expert, "o turismo cubano tem uma competitividade natural pela qualidade das praias, o clima, as condições sanitárias, a segurança para o turista e a riqueza cultural".

De acordo com um relatório da Organização de Turismo do Caribe (CTO), 11 de 26 países da região registraram queda ou estagnação da atividade turística em 2008 em relação a 2007.

No mês de dezembro, as estatísticas confirmaram queda de mais de 2% em países que recebem mais de um milhão de turistas como as Bahamas e Porto Rico; a República Dominicana manteve o nível de de 2007 e a Jamaica cresceu 3,9%.

Para a CTO, diversos fatores poderiam ter uma influência negativa sobre o desenvolvimento do turismo na região, como a crise global e seus efeitos nos Estados Unidos, primeiro mercado emissivo, a instabilidade dos preços do petróleo e a desvalorização do dólar diante de outras divisas.

Na contramão, a percepção do Caribe como região segura e estável favoreceria o desenvolvimento da atividade turística na região.

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