Entrevista a Jorge Oliver-Rodés, Diretor Geral do Laboratório Dr. Oliver Rodés, em Termatalia 2014.

13 de Novembro de 2014 10:45pm
claudia
Entrevista a Jorge Oliver-Rodés, Diretor Geral do Laboratório Dr. Oliver Rodés, em Termatalia 2014.

Numa das sessões de Termatalia 2014 conversamos com Jorge Oliver-Rodés, quem dirige o Laboratório Dr. Oliver Rodés, em Barcelona, Espanha.

O especialista comentou-nos suas impressões sobre a Feira, detalhou-nos as características e funções de seu laboratório e valorizou a forma em que este pode contribuir à prova técnica de águas, base para que depois o sommelier possa fazer uma maridagem.

Você tem vindo a Termatalia em várias ocasiões. Que pareceu-lhe esta edição da Feira na Argentina?

Muito interessante. Temos podido estabelecer contatos, tanto com autoridades, como com profissionais de diversos países. Esta tem sido a segunda edição de Termatalia em Iberio-

américa e tem adquirido uma grande relevância como a feira internacional do setor.

Você trabalha num laboratório ou o laboratório é seu?

Trabalho no laboratório, atualmente como Diretor Geral e tenho uma participação na sociedade que mantém seu carácter familiar.

De que é o laboratório?

Estamos especializados em assessoramento e análise de todo o tipo de águas. Colaboramos com as empresas para oferecer soluções que lhes permitam ajustar custos.

Também realizamos pesquisa aplicada, formação e certificações.

Águas para beber, águas residuais, águas de piscina, quais águas?

Todo o tipo de águas, desde águas naturais de poços até águas reutilizáveis, que são aquelas que após um tratamento específico têm deixado de ser residuais e se lhes permite algum uso como a irrigação. Águas de consumo humano, minerais, naturais, mineiro medicinais, de produção, purificadas de uso farmacêutico, para a irrigação, águas residuais; qualquer um tipo de água.

A cultura de termas, ou de spa, que há na Argentina, acha você que está em nível necessário para que tenha este país um desenvolvimento importante no mundo do spa e a terma?

Não. Eu acho que a legislação vigente não está num nível que permita-lhe explodir e proteger este recurso natural que são as AMM, ainda que sim há um interesse da administração em se focar e o melhorar.

Deve-se potenciar esse tipo de águas de acordo com a realidade que existe, que é uma maravilha.

Evidentemente a Argentina tem jazidas de águas termais. Este de Terma de Rio Fundo parece ser um dos mais importantes de Argentina, quiçá um dos mais importantes de América Latina.

Assim é. Pelo que tenho ouvido durante estes dias nas jornadas técnicas e por explicações de especialistas da zona, há mais de nove mil poços de particulares que estão a extrair continuamente água termal e esta é uma coisa difícil de encaixar, pelo menos na mentalidade ocidental e europeia. É um aquífero espetacular.

Ao abusar destes poços não poderiam diminuir ou ficar secos por algum tempo?

É tal o volume que acho difícil que fique seco, mas sim que pode afetar à tipologia e qualidade da água. Em algumas zonas balnearias têm reduzido o número de poços, com o fim de proteger melhor o aquífero.

Você recomenda que tenha um controle e regulação que neste momento não há?

Absolutamente. Não se deve proibir o uso, se deve regular para proteger o recurso que se tem porque se se danifica o aquífero pode que não desapareça, mas o risco de que se altere é muito alto. É muito importante que se controle e não se extraia mais água que a que o aquífero é capaz de contribuir de forma natural.

Desde o ponto de vista da higiene e a qualidade das águas, em que colabora seu laboratório para que isto possa chegar a melhor fim?

Nós podemos ajudar em interpretar a legislação, caracterizar a cada água já que dependendo de sua origem e sua composição química, terá uns usos terapêuticos concretos que deve indicar um hidrólogo médico.

Ademais colaboramos com um importante número de balneários e hotéis em dispor de um bom controle higiênico-sanitário sistêmico para que o uso do água seja seguro, são águas complexas que facilitam a proliferação de bactérias patogênicas em algum caso como a legionela. Há que proteger ao banhista de qualquer um risco e não é difícil se se trabalha com qualidade.

Quando se faz uma prova de águas para conhecer sua qualidade, sua dureza, sua salinidade, em que pode seu laboratório ajudar para que esta prova seja mais objetiva e como deve um sommelier de águas utilizar a informação que lhe pode dar um laboratório para fazer uma prova real?

Nós, por exemplo, fazemos o que chamamos provas técnicas de água, porque o que fazemos é caracterizar a água. Caracterizar a água quer dizer destacar, detalhar e concretar que quantidade e daí tipo de minerais contém a cada água mineral natural.

Essa é a base para que depois o sommelier possa fazer uma maridagem ou dizer que uma água mais dura, com um ônus mais alto de minerais, vai bem para combinar com alimentos concretos, um água com carbônico vai melhor para carnes, ajuda a fazer a digestão, etc.

Em que parte da Espanha ficam especificamente?

Nós ficamos em Barcelona e nosso âmbito de atuação é a Espanha e Europa, ainda que trabalhamos também no norte de África e Ibero-américa de forma mais pontual.

Conhece os laboratórios que se dedicam a fazer comparações de águas para conhecer suas propriedades?

Não conheço outros especializados, porque o laboratório normalmente emite boletins analíticos, mas sem interpretar os resultados ou assessorar em como solucionar uma possível problemática. Em água, e mais concretamente em água embalada ou mineiro medicinal, não há realmente outros experientes na Espanha. Falo de laboratórios que entendam ou possam apreciar as diferenciações das diversas águas baseadas em sua composição.

Quando se fala de águas como Evian, Ana ou outras que possam ter no mundo –a grande maioria são italianas em sua comercialização-, você acha que existem outras águas que poderiam ser concorrência diretamente?

Eu acho que sim, absolutamente. A cada água mineral tem uma composição química específica que é a que a caracteriza e que se mantém constante no tempo. Por tanto, todas as águas são diferentes e a cada uma tem suas qualidades que a diferenciam das demais. Se estas estão melhor posicionadas no mercado, pode ser um tema de quantidade de volume disponível, de comercialização, de capacidade econômica, de marketing, etc.

Em minha opinião não há águas melhores ou piores. Todas são diferentes e a cada uma tem suas características que as diferença. O que acontece é que os consumidores têm suas próprias preferências e na maioria dos casos, ao explicar por que preferem uma água em concreto, singelamente indicam que “é a que mais gostam”.

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