Félix Jiménez, ministro do Turismo da República Dominicana

12 de Dezembro de 2006 12:21pm
godking

A República Dominicana exibiu excelentes resultados no setor do Turismo de janeiro a outubro, com crescimento de cerca de 10% em relação a 2005.

Os esforços concentram-se agora no aumento da qualidade do produto turístico e nos investimentos na infra-estrutura que garantam a diversificação hoteleira, visando um turismo de maior poder aquisitivo.

- Qual a evolução da acolhida de turistas estrangeiros na República Dominicana?

A evolução é muito satisfatória. Até setembro de 2006 o crescimento do número de turistas estrangeiros foi de 9,98%. Nesse crescimento destaca-se o Canadá, com 22,14%, e os Estados Unidos com 9,33%. Na Europa o país de maior crescimento foi a Inglaterra como mercado tradicional com 17%. Já os países do Leste Europeu tiveram um crescimento extraordinário, principalmente a Polônia, que nos primeiros nove meses enviou 10.592 turistas, enquanto em 2005 enviou 2.532 no mesmo período. Há uma situação semelhante no caso da Rússia: 1.399 em 2005 contra 11.068 de janeiro a setembro de 2006. A mesma coisa acontece com a Ucrânia e outros países.

Quanto à Itália, o crescimento foi de 8,14% e o da Espanha de 6,02%. O mercado alemão teve uma queda de 2%.

- E as receitas por turistas, aumentam ou diminuem?

As despesas médias diárias diminuíram de US$ 110.00 para US$ 102.00, mas as receitas turísticas na República Dominicana continuam a aumentar. Em 2005 foram de US$ 3.527.000.000 e em 2006 as previsões são de US$ 3.800.000.000.

- Qual a influência da queda do turismo alemão do ponto de vista econômico?

Quanto à Alemanha há duas questões: primeiramente a assimilação da Alemanha Oriental pela Alemanha Ocidental representou um custo econômico extremamente alto. A queda na República Dominicana é de 2%, mas em outros países do Caribe é ainda maior.

Por outro lado, há uma mudança qualitativa do alemão que visita a República Dominicana. O alemão que vem hoje tem uma renda superior ao de há quatro anos. Assim, para os operadores e para os hoteleiros a situação é mais favorável porque os turistas gastam mais.

- Não estaria mudando também o rumo da política de comunicação da República Dominicana?

Isso está acontecendo nos últimos anos a partir da diversificação da hotelaria. Antes tínhamos um produto excelente, uma relação preço-qualidade ótima. A maior parte dos resorts de praia operava segundo o conceito de "all inclusive", que não desaparece, mas agora a oferta é diferente. Há hotéis-boutique, unidades pequenas de alto padrão, com bons spas, adegas com vinhos excelentes, e não apenas em Punta Cana, onde temos o Sibory, o Tortuga Bay e o novo Meliá Paradisus Palma Real. Em Puerto Plata, no litoral norte, temos o hotel Casa Colonial, outra unidade de alto padrão com ótimas condições.

Assim, os hotéis-boutique, os "all inclusive exclusivos" têm alentado os investimentos das redes hoteleiras norte-americanas. Por exemplo, prevê-se que a Westin estará no país em 2007 e em breve teremos em La Romana um os grupos mais prestigiosos dos Estados Unidos, embora não possa dizer o nome porque não estou autorizado, mas já fecharam o contrato com Casa de Campo.

Pode-se verificar que o produto turístico dominicano aumenta sua qualidade e os investimentos que estamos fazendo são a conseqüência imediata da diversificação na hotelaria e da tendência à maior qualidade do turista, de maior renda e possibilidades de despesas. Isso também nos leva à diversificação das ofertas complementares que, do meu ponto de vista, vão ser o elemento mais importante da sustentabilidade do crescimento no futuro, tanto das chegadas quanto das despesas no país.

- Qual a sua opinião dos investidores espanhóis, como Bahia Príncipe, que neste momento está inaugurando seis hotéis?

O Grupo Piñeiro e Bahia Príncipe fizeram grandes investimentos, principalmente em Samaná. Também têm um hotel de luxo em Punta Cana e acho que vão começar o segundo ali. Têm ainda muitos investimentos em Las Terrenas: quatro hotéis que totalizam 1.200 apartamentos. Além do aumento do padrão de qualidade na hotelaria em Samaná e Las Terrenas, o mais importante é que outras redes hoteleiras espanholas vão iniciar as negociações para começarem as operações nos próximos anos.

- O governo prometeu apoiar a zona sul, falo de Barahona e da zona próxima do Haiti, onde se situam Pedernales e Playa Las Águilas, uma das zonas de maior atraso e menos conhecidas do ponto de vista turístico, mas com grandes possibilidades de desenvolvimento. O que pensam fazer concretamente nessa zona?

Apresentamos uma proposta de desenvolvimento e agora o Presidente e a secretaria do Meio Ambiente devem tomar uma decisão.

No vôo de Santo Domingo para Madri, na Iberia, li uma matéria na revista Excelências sobre a ilha El Hierro, a mais pequena das ilhas Canárias, classificada como reserva da biosfera pela Unesco. A ilha tem hotéis e um desenvolvimento turístico. No entanto, um mau espanhol instalado na República Dominicana, critica muito nossa idéia de desenvolvimento da zona de Pedernales pela sua condição de reserva da biosfera, mas não são questões opostas.

Acho que a humanidade avançou bastante no sentido do turismo sustentável e isso quer dizer não apenas respeito pelo meio ambiente, mas também pelas nossas culturas e pela nossa gente, e o fato de pensarmos no desenvolvimento do sudoeste do país encaminha-se nesse sentido visto que o turismo é uma via para o desenvolvimento, para a eliminação da pobreza.

A Organização Mundial do Turismo apóia nosso projeto de desenvolvimento sustentável em Pedernales, que não quer dizer reproduzir Punta Cana, como também não estamos reproduzindo Punta Cana em Samaná ou em Las Terrazas. Os novos projetos prevêem uma densidade turística muito menor.

- As autoridades locais estão de acordo e contribuem para esse desenvolvimento?

Sim, as autoridades de Pedernales e de Barahona, e a sociedade civil concordam com o projeto de desenvolvimento turístico da zona. Sabem que não têm outras possibilidades porque não é uma zona mineira e o mercado mais próximo para os produtos agrícolas é Santo Domingo, de maneira que muitos se estragam, o que não aconteceria se houvesse um desenvolvimento turístico local.

Há uma boa notícia, e é que empresários italianos estão muito interessados no desenvolvimento de dois hotéis: um em Barahona para a exploração das termas da localidade de Canoa e o outro seria um hotel de praia com um clube náutico. As negociações avançaram muito e os acordos estão quase prontos.

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