Hugo Riley, Secretário Geral da Organização do Turismo do Caribe (CTO)

Durante os últimos anos, o senhor Riley tem sido uma figura reconhecida para os leitores da Caribbean News Digital. Na mais recente entrevista com o nosso editor chefe e presidente, no âmbito da World Travel Market de Londres, o secretário-geral da CTO se referiu aos sinais alentadores que se observam na indústria turística caribenha e falou sobre vários dos temas que poderiam dificultar os esforços de crescimento, como o contraditório imposto aos passageiros aéreos aprovado no Reino Unido e que já começou a afetar as cifras de visitantes na região.
Qual a posição atual da CTO em relação aos mercados europeus?
Europa é uma região muito importante para o turismo do Caribe. Como o senhor pôde ver, os países membros da CTO estão alinhados em torno à Europa. Uma parte significativa dos visitantes que recebemos no Caribe vem do continente europeu. No Caribe, temos nações que falam espanhol, inglês, francês e holandês. Os países de língua espanhola, francesa e holandesa têm uma identificação muito forte com o fluxo de visitantes europeus que chega às suas ilhas. Uma das coisas que mais nos impressionou desta edição da WTM foi ouvir vários operadores falar da estabilização dos fluxos turísticos provenientes da Europa. Essa é uma notícia muito alentadora porque nós ansiamos que o ano de 2011 seja muito superior, com números bem superiores aos de 2010.
Qual é a posição da CTO neste momento com respeito à América Latina, a nações como o Brasil, Peru, Chile e Argentina? Pensa a CTO abrir as portas de sua organização para estes países?
O que a CTO faz é apresentar oportunidades na América Latina aos nossos países membros para que eles as desenvolvam a partir das suas necessidades nacionais.
Contudo, estamos dispostos a dedicar mais tempo à busca e estudo de seus mercados, especialmente nos casos do Brasil e da Argentina. Nós também apoiamos a participação dos nossos membros nas feiras desses países, e como o senhor conhece, muitos dos nossos países membros têm começado a estabelecer serviços aéreos com eles. Um dos nossos países membros, Barbados, acaba de começar um serviço aéreo entre São Paulo e Barbados, através de um sistema de code-share.
Assim seguimos explorando as oportunidades na América Latina, mas da forma que expliquei.
A fusão da Ibéria com a British Airways e a American Airlines permite operações de code-share a partir de Madri ou Londres para Miami e dali para outros destinos do Caribe só com um bilhete aéreo. Qual a apreciação da CTO sobre isso?
Penso que a aliança entre a Ibéria, a British Airways e a American Airlines é muito importante para o Caribe. Nós debatemos profundamente esse tema com o diretor executivo da British Airways, o senhor Willie Walsh, durante uma visita que ele fez a Barbados para falar na Conferência de Liderança Estratégica da CTO há algumas semanas. Uma das coisas que a British Airways busca com esta aliança é que tenha benefícios para toda a região.
Ainda não tem em suas mãos todas as respostas a todos os detalhes da aliança, da mesma forma que nós ainda não sabemos todos os pormenores, mas existe consenso quanto ao benefício para o Caribe. De fato, já estamos sentindo alguns benefícios com a ampliação do serviço aéreo ao Caribe através da American Airlines e da American Eagle, e da própria British Airways. Porém, os benefícios vão ser muito maiores a partir das oportunidades concretas que existem em Madri, por exemplo, e no resto da Espanha, e que os nossos países membros poderiam aproveitar a partir das operações de code-share.
Estamos avaliando tudo isso e nesse sentido vamos contar com a assessoria da British Airways porque são parceiros mais próximos de nós que a Ibéria, de forma que a estas relações de novo tipo, a esta aliança e seus benefícios, vamos entrar da mão da British Airways.
A aliança entre a KLM, a Air France e a Air Europa poderia trazer maiores benefícios para os países do Caribe?
Os detalhes desse acordo começaram a chegar aos poucos e ainda estamos na fase de estudo de como essa aliança em particular poderá beneficiar os nossos países membros. Ilhas como a Martinica e São Marteen, e também a ilha de São Barths estão seguindo bem de perto o desenvolvimento dessa aliança.
Qual é a opinião da CTO sobre o novo imposto aos passageiros aéreos (conhecido como ADP pelas siglas em inglês). Tem esse imposto as mesmas consequências para todos os países do Caribe?
O APD é um tema que nos preocupa muito a todos e já falamos disso ao governo britânico. Pensamos que há provas concretas das afetações do APD na região do Caribe, e a prova mais convincente desse prejuízo é a diminuição da quantidade de chegadas de turistas procedentes do Reino Unido.
Pensamos que há formas de redesenhar o ADP para que, por uma parte, o governo britânico cumpra seus objetivos, e por outra, se reduzam as afetações para o Caribe. Acreditamos que existem formas de redistribuir equitativamente o gravame e talvez de dividir os países somente em duas categorias em vez das quatro que existem no momento, e onde o Caribe está penalizado com a inclusão na Categoria C, que é das mais caras.
Neste momento, a CTO está fazendo esforços para explorar ainda mais as possibilidades do Caribe em mercados como o russo, por exemplo?
De fato temos um escritório em Londres que está explorando nossas oportunidades em mercados europeus não tradicionais. O senhor mencionou o caso da Rússia e, efetivamente, estamos explorando nossas possibilidades na Rússia neste momento. Mas também estamos olhando para outros mercados, como o Brasil, a China e a Índia. Esses são mercados, especificamente o índio, onde não temos trabalhado muito, mas agora estamos explorando todas as oportunidades nesses lugares em nome dos nossos países membros.