Jordi Treserras, coordenador de Programas Culturais da Universidade de Barcelona
Jordi Treserras, com um grande conhecimento da América Latina e Caribe, coordena um projeto de turismo cultural na região ibero-americana que promove rotas como a do Quixote e a da herança andaluza na Espanha, a do Escravo, do Gaúcho, dos Vulcões e a de Cápac Ñan, na América Latina e Caribe, e ao mesmo tempo desenvolve projetos em favor da cultura ibero-americana.
Qual a sua função na Universidade de Barcelona?
Eu coordeno o programa de Turismo Cultural, um programa de pós-graduação criado no ano de 2000 um âmbito de um projeto de política de Estado que tentava reforçar o turismo cultural.
Criamos um projeto não apenas para a Espanha, mas para a região ibero-americana, em parceria com a Organização de Estados Ibero-americanos e os ministérios da Cultura da região. Por um lado tentamos promover os destinos culturais e, por outro, criamos projetos em favor da identidade ibero-americana.
O senhor está falando de destinos culturais da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal?
Exatamente. No Caribe trabalhamos os aspectos culturais de origem espanhola e nas Antilhas Holandesas e nas que foram colônias britânicas, apenas a herança sefardim. É o caso de Curaçao, Aruba, Bonaire e Jamaica.
Apoiamos ainda o projeto de rotas culturais europeias como o Caminho de Santiago - que tem o certificado de qualidade do Conselho da Europa - e estamos trabalhando num programa semelhante na América Latina.
Estamos impulsionando o programa de rotas culturais ibero-americanas e pensamos ter o documento pronto para a reunião de ministros do Turismo e da Cultura na próxima cúpula ibero-americana, nesse ano, na Argentina. Incluímos o Caminho de Santiago e as rotas que na Espanha têm o certificado de qualidade do Conselho da Europa, como a Rota do Quixote, a da Herança Andaluza, a rede de hostelerias da Espanha, a rota europeia de cemitérios patrimoniais e a Rota dos Fenícios.
Na América Latina, o projeto principal é o de Cápac Ñan (o Caminho do Senhor ou o Caminho Andino Principal), que está na lista da Unesco para ser tombado Patrimônio da Humanidade e que vai do Chile e Argentina até o sul da Colômbia, e os antigos caminhos reais.
Na América Central já temos a Rota Colonial e a dos Vulcões e, no México, foi apresentado o projeto do Caminho Real Tierra Adentro, entre o México e Santa Fe (Novo México, Estados Unidos). Trabalhamos ainda no Caminho Real das Califórnias, entre a Baixa e a Alta Califórnia. Na Argentina no Caminho do Gaúcho e no Brasil na Estrada Real.
O projeto inclui A Rota do Escravo?
Também está a Rota do Escravo, que tem o apoio da Unesco. É difícil incluir tudo nos roteiros turísticos. Na Rota do Escravo haverá uma regata de Dakar à ilha de Guadalupe; Cuba já tem o museu da Rota do Escravo em Matanzas e há propostas na ilha organizadas pelo Ministério da Cultura e pela Fundação Fernando Ortiz. No Brasil está o Quilombo dos Palmares.
Também são valorizados os aspectos positivos do contato entre europeus, indígenas e africanos através da música. É o caso do samba de roda, no Recôncavo Baiano; do tango, no Rio da Prata e do candombe uruguaio.
Qual a função da Universidade de Barcelona nessas ações e projetos?
Criamos uma rede, a Ibertour, que integra 45 universidades ibero-americanas e trabalha com a Organização de Estados Americanos e com os governos dos países.
Na universidade de Barcelona temos uma equipe de 25 pessoas (professores, pesquisadores e especialistas de projetos) que desenvolvem três linhas de trabalho, entre elas a de formação, com programas de pós-graduação de mestrado e doutoramento.
E os fundos?
Os fundos são da Organização de Estados Americanos, e, principalmente, da Agência Espanhola de Cooperação Internacional. Há fundos europeus, da Unesco e do PNUD. O programa já tem 20 anos e envolve todas as faculdades da Universidade.