José Manuel Antunes, diretor-geral da Sonhando: “Eu digo internamente na empresa que Cayo Coco é a nossa bandeira”

18 de Setembro de 2015 9:20am
claudia
José Manuel Antunes, diretor-geral da Sonhando: “Eu digo internamente na empresa que Cayo Coco é a nossa bandeira”

O relançamento no Verão de 2014 dos charters para Cuba, e logo para um destino novo, Cayo Coco, tornou-se ‘imagem de marca’ do operador Sonhando, como reconhece o seu director-geral, José Manuel Antunes, que em declarações ao PressTUR destaca o êxito do alargamento da operação este ano, com um segundo voo para Varadero, e prepara ter, além dos charters, também lugares em voos da Iberia, via Madrid, de Novembro a Outubro de 2016.

PressTUR: Qual é o balanço da operação charter de Cuba este Verão?

José Manuel Antunes: É bastante positivo. Embora com dois voos não tenhamos tido a taxa de ocupação do ano passado, que foi de facto fantástica, mas foi mais que razoável. Cuba é um destino em que a oferta charter está equilibrada com a realidade.

Mesmo assim houve uma ou duas semanas, mais ou menos a segunda semana e agora a última, em que tivemos que ter alguma ajuda e mesmo assim a taxa de ocupação nessa segunda semana foi bastante baixa, ou pelo menos muito menor na média das outras. Mas pode dizer-se que o balanço é positivo, tanto em relação ao produto como ao contentamento dos clientes. A operação em geral correu muito bem.

PressTUR: Quantos passageiros? E que taxa de ocupação?

José Manuel Antunes: Nós chegamos muito perto dos cinco mil, muito perto mesmo. E a taxa de ocupação global também foi muito boa, na ordem dos 91%. É dois pontos abaixo do ano passado, que foi de 93%, mas para uma operação charter com esta dimensão e esta extensão é muito boa.

E há algumas curiosidades engraçadas. Por exemplo, o que se vendeu mais foram os produtos mais caros e os mais baratos. Os produtos intermédios foram os que tivemos mais dificuldades em vender. O ano passado tinha-se registado o fenómeno contrário e é curioso que de um ano para outro tenha havido esta inversão. O que se vendeu este ano foram de facto os Paradisus e os hotéis de 3-estrelas, as ofertas de last minute.

Os combinados com Havana tiveram uma progressão muito grande, sobretudo pela proximidade de Varadero, que é completamente diferente de Cayo Coco. E efectivamente Havana é um must extraordinário e acrescenta bastante valor aos nossos pacotes e tem vendas excepcionais.

Um outro fenómeno também curioso foi que tivemos dois voos semanais entre Cayo Coco e Havana para fazer o full day em Havana, quando no ano passado tivemos um por semana. Ou seja, este ano duplicámos e tivemos os voos sempre cheios. O avião é pequeno, de 46 lugares. Mas duplicámos.

PressTUR: E em termos de parcerias?

José Manuel Antunes: O nosso grande parceiro continuaram a ser os hotéis Meliá Cuba, embora este ano tenha havido a introdução dos hotéis Iberostar, que também já têm uma fatia considerável do nosso negócio em Cuba.

O parceiro por excelência continua a ser a Gaviota, que tem apoio e compromisso connosco nos voos dos Cayos e também nos dá apoio logístico no voo de Varadero.

Aliás, é interessante destacar que a logística que a Sonhando tem montada em Cuba já se eleva a sete funcionários cubanos, que se dedicam exclusivamente à Sonhando durante este período, além dos guias. Portanto, estou a falar dos representantes que visitam os clientes e que dão apoio à operação. São sete funcionários, temos dois automóveis e duas motos. Portanto é uma logística já com algum peso. E temos também três escritórios. Um em Varadero, um em Havana e um em Cayo Coco. Já é uma logística com um certo peso e que permite que os passageiros se sintam apoiados.

PressTUR: Como é que se rentabiliza essa estrutura agora que acabam os charters?

José Manuel Antunes: A estrutura agora que acabam os charters fica altamente reduzida. Ficamos só com duas pessoas. São os que são representantes durante o ano todo, o que faz Havana e Varadero e o dos Cayos. Mas o custo dos funcionários é repartido com a Gaviota. São funcionários da Gaviota que são deslocados como representantes em exclusividade para a Sonhando.

É sempre uma maneira de amortecer esse custo, mas que é um custo que dá uma marca de qualidade ao produto. Termos lá gente permanentemente com os passageiros dá uma confiança extraordinária num país diferente, como é Cuba. Mas temos que fazer uma almofada para esse gasto financeiro e reinvestimos em Cuba as comissões que se ganham nas excursões.

PressTUR: E como vai ser a operação Cuba para o ano? Já se nota o impacto do fim do bloqueio dos Estados Unidos a Cuba?

José Manuel Antunes: A operação para o ano já está assinada com a Gaviota desde dia 13 de Maio. Agora é só limar arestas porque há algumas alterações em Cuba, nomeadamente com esta nova faceta que Cuba tem de ligação com os Estados Unidos. Há aumentos dos preços sobretudo em Havana, e por isso vamos ter que fazer algumas alterações pontuais do ponto de vista do programa para o tornar menos caro. Por exemplo, posso já adiantar que uma das ideias que tenho é os combinados que eram agora de quatro noites nas praias e três em Havana passarem a ser de cinco noites nas praias e duas em Havana, porque em Havana os hotéis estão a ter um aumento muito grande e com o problema adicional de serem em alojamento e pequeno-almoço, enquanto nas praias são em tudo incluído. E os tudo incluído de Cuba não têm nada a ver com o que eram há alguns anos. Hoje têm de facto alta qualidade e as pessoas preferem ficar no tudo incluído, onde sabem que não vão ter mais surpresas com os custos das refeições, das bebidas que bebem durante o dia, etc.

PressTUR: E que outras novidades?

José Manuel Antunes: A grande surpresa que vamos ter para 2016, que eu sinto que vai ser a grande surpresa neste Inverno, e que quase seguramente que iremos fazer, vai ser Cuba todas as semanas em parceria com a Iberia. As negociações estão muito avançadas, aliás estão praticamente fechadas, e nós vamos ter quase de certeza um programa de part-charter semanal a começar em Novembro e a ir até Outubro do ano que vem com a Iberia.

PressTUR: Mas não impede o charter no Verão?

José Manuel Antunes: Nada. Até porque se trata de umas dezenas de lugares por semana. Fazer cinco mil passageiros em dez semanas e depois parar com o número de pedidos que nós temos de continuidade para os vários pontos de Cuba... E não é só para Cayo Coco e Varadero, a que é claro que estamos um bocado ligados, é a nossa imagem de marca. Eu digo internamente na empresa que Cayo Coco é a nossa bandeira. Ficámos ligados, porque foi o nosso primeiro grande destino nesta retoma da Sonhando. Estamos ligados inevitavelmente, e para o bem, com Cayo Coco.

Mas obviamente que essa ligação também se estende a toda Cuba e pronto é esse o nosso caminho. Vai ser, sem dúvida, o nosso principal destino e a nossa principal bandeira. Cuba representa neste momento muito perto dos 50% do negócio da empresa. Por um lado, é quase perigoso ter um negócio tão grande em dimensão, mas, por outro, obviamente que é o destino que nós vemos com mais carinho, com mais respeito e com mais dedicação.

PressTUR: Quase que estão ligados umbilicalmente...

José Manuel Antunes: Estamos ligados umbilicalmente, sem dúvida nenhuma. As relações com as entidades cubanas de turismo são muito fortes e permanentes. E além de serem excelentes relações profissionais são já ligações de amizade, de respeito mútuo.

PressTUR: As parcerias em Portugal são para manter?

José Manuel Antunes: É claro. Em equipa que ganha não se mexe. Temos tido excelente relação com a Solférias, com a iTravel e o extraordinário e fantástico apoio da Abreu, que é largamente o nosso maior cliente. A Abreu já era o nosso maior cliente e duplicou as vendas de 2014 para 2015. É um apoio extraordinário e uma confiança infinitamente grande. E a Travelplan também. Pelo menos é a nossa intenção. A Travelplan é, digamos assim, o nosso sócio minoritário na operação, mas claro que não há nenhuma razão para não se manter. Teve um comportamento bom connosco. Quando há estas parcerias e há risco, há sempre momentos de alguma tensão no negócio, porque quando as pessoas têm alguma dificuldade em vender fazem algumas ofertas mais atrevidas sem avisar o parceiro e assim às vezes há momentos de alguma instabilidade na relação. É quase como nos casamentos, há momentos menos bons. Mas em geral a relação tem sido boa. E sobretudo a relação pessoal com o director da Travelplan em Portugal, o Fernando Bandrés, é absolutamente fantástica.

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