Mario Moysés, presidente da Embratur

29 de Março de 2011 8:29pm
Mario Moysés, presidente da Embratur

Recentemente o Ministério do Turismo do Brasil recebeu o Prêmio Excelências Turísticas pelo trabalho realizado no desenvolvimento turístico e conservação ecológica dos estados do Nordeste. Nesta ocasião, o presidente da Embratur explica aos leitores da nossa publicação as grandes linhas da política de sustentabilidade no turismo.

O que significa para o Brasil este reconhecimento que vincula a proteção do meio ambiente e o turismo?

O turismo é uma grande possibilidade de nós combinarmos a sustentabilidade econômica e social com a sustentabilidade ambiental. Infelizmente já vimos no mundo experiências em que o desenvolvimento turístico descontrolado acompanhado de um investimento imobiliário sem planejamento acaba destruindo o meio ambiente e o próprio destino turístico.

Nós, enquanto representantes da política pública do Brasil, da política pública do Ministério do Turismo e da Embratur, temos extrema preocupação em fazer com que a indústria turística brasileira seja sustentável no longo prazo. Precisamos também que gere muitos empregos, que a instalação de empreendimentos turísticos e o manejo da atividade econômica do turismo nos destinos se dê, por um lado, permitindo a preservação do meio ambiente, porque o Brasil é um país de riquezas naturais extraordinárias e queremos preservá-las, e por outro estimulando o fato de que esses empreendimentos também incorporem benefícios às populações que vivem nesses locais. Queremos ainda que os empreendimentos turísticos sejam instrumentos de inclusão social das populações para que elas tenham benefícios desses empreendimentos. Nesse sentido, trabalhamos para que os empreendimentos contratem as pessoas que vivem nesses locais, ajudem o desenvolvimento de atividades econômicas paralelas como o artesanato local ou a produção de fornecimentos locais para os empreendimentos.

A vocação turística do Brasil é muito grande. O mercado turístico doméstico brasileiro é muito forte e o mercado internacional está crescendo. Temos uma costa de 8500 km, temos muitas belezas e ambientes locais diversos como Foz do Iguaçu e a Amazônia. Queremos que os investimentos turísticos e a atividade turística seja sustentável social, economicamente e ambientalmente e que seja um instrumento da conservação do meio ambiente e do desenvolvimento social.

O que pode supor o novo governo na política de meio ambiente ou na política de desenvolvimento turístico no Brasil?

O Brasil escolheu um caminho há nove anos com a eleição do presidente Lula de aliar o desenvolvimento social com o desenvolvimento econômico, com o enfrentamento às desigualdades sociais por meio de uma agenda de preservação do meio ambiente e de desenvolvimento de uma matriz energética mais limpa. E a nova presidenta não muda essa agenda, mas aprofunda.

Com relação às questões ambientais, temos leis bastante estritas e institutos de controle federais e estaduais com relação aos empreendimentos e empresas. Há grandes empreendimentos como uma hidrelétrica que têm um impacto ambiental, mas as regras de atenuação e de mitigação são muito fortes.

Por outro lado, nesse exemplo de uma usina hidrelétrica, se está escolhendo uma matriz energética que não gera consequências em relação ao efeito estufa ou emissão de carbono. Então esse balanço entre desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente é algo permanente. O Brasil nos últimos anos reduziu em 74% o índice de desmatamento, por exemplo, e tem uma agenda de redução de carbono.

Em relação ao turismo em particular, a eleição da presidenta Dilma não muda o caminho escolhido da nossa preparação para os grandes eventos da Copa do Mundo em 2014 e das Olimpíadas em 2016. Nem a agenda de sustentabilidade, mas aprofunda um esforço de desenvolvimento equilibrado do país.

O Brasil é um país emissor de turismo e ao mesmo tempo há outros mercados emissores fortes como a Alemanha. O que espera o Brasil de um mercado maduro como o alemão?

Naturalmente a realização da Copa de 2014 já chama mais a atenção do mercado alemão. Alemanha realizou uma Copa em 2006 e no Brasil há muitas empresas alemãs que operam no país há muito tempo, de modo que a relação econômica com a Alemanha é muito forte e no turismo está crescendo.

Em 2009 nós recebemos 215,6 mil turistas alemães.

A Lufthansa anunciou recentemente que em outubro vai abrir novas frequências entre Frankfurt e o Rio de Janeiro e vai ampliar as de São Paulo. Essa ampliação vem, por um lado, do maior interesse de alemães e de outros europeus em visitarem o Brasil, não só pela Copa e pelos Jogos Olímpicos, mas também pela sua inserção econômica no mundo e porque o Brasil se tornou um exportador de turistas. O desenvolvimento econômico do país tem feito com que muitos brasileiros também viajem para conhecerem outros países.

Eu, como presidente da Embratur, encarregado de trazer turistas para o Brasil, deveria ficar preocupado, mas acho que não se trata disso porque o fluxo para um país distante como o Brasil depende da oferta de voos, de conectividade, e essa oferta depende do fluxo dos dois lados. As companhias aéreas estão todas interessadas em terem mais voos para o Brasil ou em abrirem rotas para o país. Isso vai nos levar, no caso da Embratur, a ter mais estrangeiros, em especial da Alemanha, para a visitar o país. Além disso, a Alemanha, na última Copa, teve uma seleção jovem. Em 2014 deve ser uma seleção forte, o que vai provocar a visita de muitos turistas alemães ao Brasil.

A Rússia é um país emergente da Europa e o Brasil pode ser um mercado muito importante. Os vistos para os russos estão abertos no Brasil. Quais as perspectivas da Embratur para a Feira de Leisure?

Nós teremos uma participação ampliada nas feiras russas no segundo semestre. Estamos olhando atentamente para esse mercado e vamos intensificar as atividades de promoção ali. A ampliação dos voos da Lufthansa vão nos ajudar nisso porque as frequências dos voos com a Rússia ainda não são muito estáveis. A Lufthansa tem uma grande distribuição para o Leste Europeu, especialmente para a Rússia, e isso também ajuda. A TAP também, e a TAM tem um representante na Rússia. Todos nós trabalhamos o mercado russo de modo a intensificar a visita deste público ao Brasil. É um mercado que consome muito, ou seja que tem um poder aquisitivo bom e que se transformou num grande emissor de turistas. Nos próximos anos, vamos intensificar cada vez mais o nosso investimento neste mercado. Hoje o número de visitantes russos ainda é pequeno, mas recentemente caiu o visto entre os dois países e isso facilita muito o crescimento das viagens. Estamos certos que o nosso investimento no mercado russo vai crescer bastante. Ainda temos a dificuldade da língua, mas isso é em qualquer lugar e trabalhamos na produção de materiais no idioma russo, seja em papel, seja via Internet para facilitar o conhecimento do Brasil.
 

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