Pilar Rubí, fotógrafa: “O que me atrai é a vida diária e comum da gente”

Pilar Rubí é uma fotógrafa hispano boliviana que tem criado um novo conceito de impressão sobre tela em sua obra. Seu mais recente exposição, “Geometria dos corpos”, reúne fotografias de bailarinos do Ballet Nacional de Cuba e está composta por 18 peças, de diferentes tamanhos. A mostra pode ver-se no vestíbulo do Teatro “Karl Marx”, em Havana.
Como e por que decidiu fazer este novo conceito de impressão fotográfica?
- Decidi-o porque era uma forma nova de imprimir a fotografia, dando-lhe um toque de quadro antigo, que é o que eu quer, porque eram momentos muito íntimos, momentos escuros por trás do telão, em ensaios.
Para mim era importante meter ao espectador nessa atmosfera e qual a melhor forma para o fazer que plotando sobre tela, para lhe dar um toque de óleo, procurando marcos antigos; mas, ao mesmo tempo queria acordar um pouco ao espectador colocando imagens geométricas, modernas, sobre os corpos dos bailarinos.
Quanto tempo demorou em preparar esta exposição?
- Levo meses fotografando aos bailarinos de tal forma que eles não tenham nervo ao estar eu com a câmara porque, ainda que sejam profissionais, sempre uma câmara impressiona e nos põe nervosos. Fui muitas vezes até que se acostumaram à câmara e comecei em fevereiro ou março aos fotografar.
Faz quase num ano, não é?
- Sim, quase num ano para conseguir um pouco mais de intimidem com a gente.
Após isso tem levado a seleção de marcos para estas fotos. Como o fez?
- Os marcos venho-os comprando há algum tempo, inclusive alguns os trouxe de fora, os mais pequenos. Depois tenho ido procurando marcos, não para esta exposição, senão simplesmente porque gosto deles. Tenho ido colectando marcos até chegar à quantidade que tenho agora e decidi que serviriam muito bem para esta exposição.
O tamanho das fotos adaptou-o ao marco?
- Adaptei sim. A cada foto vem para o marco que estivesse e cada marco tem tido que ser restaurado, arranjado, porque são antigos, se moviam, eram fracos e por um lado, lhes faltava um pedaço de madeira. Tem sido complicado montá-los.
Quantas peças apresenta nesta exposição?
- 18 obras de tamanho muito considerável a muito pequena.
Leva dois anos em Cuba. Quantas exposições tem feito já?
- Pessoais tenho a de Rostos de flamenco em Cuba, Malecón número 1, A vida de Janet e esta é Geometria dos corpos.
Grande parte das exposições que têm feito estão baseadas no mundo das artes cênicas e algumas no patrimônio.
- Estão baseadas praticamente no que chama a minha atenção: a vida diária da gente, já sejam artistas, pessoas que não têm nenhuma representação artística ou gráfica dentro da sociedade. O que me atrai é a vida diária e comum da gente.
Gosta de trabalhar em branco e negro?
- Gosto muito, mas decidi que esta exposição seria a cor.