Simón Barceló Tous, co-presidente do Conselho de Administração da Barceló Corporación Empresarial
Para o Grupo Barceló, o turismo é uma indústria e uma fonte de riqueza que, com altos e baixos inevitáveis, sempre se recupera. Temas como a situação econômica atual e suas repercussões na rede, e os novos projetos na América Central e Caribe, entre outros, são abordados nesta entrevista.
O que é que nos pode dizer do faturamento de 2008?
Foi um ano complicado, com variações por zonas. Em conjunto, esperamos um incremento do nosso volume de negócios de 6% aproximadamente, enquanto o Ebitda (resultados antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) deve aumentar dois dígitos em relação ao ano anterior.
Na situação atual de crise internacional, com restrições familiares nos gastos, o que é que espera o Grupo dos seus resorts no Caribe? Há alguma estratégia de ofertas e preços?
Efetivamente, vai haver uma redução do consumo, mas não podemos prever a incidência que isso vai ter no turismo, no comportamento dos os mercados emissores e nos diversos destinos. De qualquer maneira, o aumento da promoção e das ofertas que estimulem a demanda são duas das nossas estratégias.
Trata-se de uma época difícil para todos, mas o crescimento do Grupo Barceló continua. Em julho o Grupo abriu dois novos hotéis em Benidorm, na Espanha, anunciou a aquisição do Formentor e acaba de abrir o Barceló Raval em Barcelona. Pensam continuar com esse ritmo em 2009?
Mantemos todos os projetos. A nossa companhia acredita no turismo como indústria e como fonte de riqueza que, com altos e baixos, termina por se recuperar. As crises geram oportunidades que sempre tentamos aproveitar. Continuamos a dispor de crédito nos bancos, daí que mantenhamos os nossos planos de expansão.
E sobre os planos na América Latina?
As capitais e as principais cidades da América Central e Caribe são um objetivo prioritário para a empresa, que tem presença em capitais como San José, na Costa Rica, em Santo Domingo, na República Dominicana, e em Guatemala City. Nos próximos meses vamos inaugurar mais um hotel em Manágua e tentaremos aumentar a nossa presença no México e em El Salvador.
Queremos ampliar a nossa presença no segmento urbano nos principais países da região.
Como avança a renovação do Barceló Bávaro Palace?
Acabamos de terminar a renovação do primeiro hotel do nosso complexo. O resultado é um estabelecimento espetacular, com junior suítes de luxo com vista para o mar. É o primeiro passo. Daqui a dois anos vamos ter um resort totalmente novo, expoente do maior luxo na zona de Bávaro, na República Dominicana.
O Grupo Barceló anunciou que no final de 2008 abriria 12 hotéis, três deles em Cuba. O que é que pode dizer desse projeto?
Já é iminente a abertura do resort Barceló Cayo Santa Maria na primeira fase e a segunda deve ficar pronta em meados de 2009. No total serão 1.300 apartamentos. No primeiro trimestre de 2009 vamos inaugurar o primeiro Barceló em Havana, com 186 apartamentos.
Cuba é um destino ao qual vamos dedicar muita atenção nos próximos anos na América Latina. Até 2010 pensamos ter mais 8 hotéis na ilha, ou seja, 11 hotéis no total.
O objetivo de superar os 200 estabelecimentos no mundo está próximo. O nosso último Plano Estratégico fixava o ano de 2010 como data limite, mas acho que vamos completá-los antes disso.
E o litígio com a Nicarágua?
Ainda não foi resolvido. Queremos chegar a um entendimento com o governo da Nicarágua, mas, caso contrário, entraremos com ação na justiça como prevê o contrato, porque o Grupo sempre cumpriu suas obrigações.
De qualquer maneira, o Grupo Barceló e o turismo da Nicarágua foram bastante afetados com o litígio e imagino que vamos sofrer as conseqüências durante bastante tempo.
Qual o balanço do acordo de longo prazo fechado com a operadora Expedia?
Estamos muito satisfeitos, pois somos "rede preferente" e isso faz com que recebamos um tratamento muito mais exclusivo.
Quais as políticas ambientais aplicadas pelo Grupo Barceló?
Um dos nossos objetivos é o desenvolvimento de hotéis integrados no meio natural, preservando as características naturais e minimizando os impactos do desenvolvimento turístico.
Favorecemos a sustentabilidade através de programas de manejo de resíduos, de gestão da água e da energia, e temos programas de formação e de informação. O meio ambiente para nós faz parte do desenvolvimento, não é uma coisa isolada.
E quanto à formação?
Consideramos que o capital humano é o nosso patrimônio mais importante. As nossas políticas de recursos humanos estão muito ligadas à realidade local, principalmente na América Latina, onde as nossas práticas nesse sentido estão muito sintonizadas com a realidade social. Oferecemos um plano de carreira e amplas possibilidades de promoção através da formação interna, de entidades oficiais e da Fundação Cadeira Ibero-americana, que tem projetos de formação em países latino-americanos com professores de universidades espanholas.
Em 2007 a rede Barceló ocupou a 24ª posição no ranking da revista Hotels, que inclui as 300 maiores empresas do setor. O que é que isso significa?
Estamos muito satisfeitos com isso, mas isso é apenas um passo, um estímulo para continuarmos. Não queremos crescer unicamente no número de hotéis, mas também na qualidade do serviço ao cliente e na qualidade dos nossos estabelecimentos. Nesse sentido é importante dizer que nos últimos anos, 9 em cada 10 dos nossos hotéis situaram-se nos níveis médio-alto e alto do mercado.